A diplopia, mais conhecida como visão dupla, é uma condição em que a pessoa enxerga duas imagens em vez de uma. Primeiramente, é importante reforçar que a diplopia não é uma doença, mas sim um sintoma relacionado a outra condição ou patologia.
Segundo Dra. Marcela Barreira, neuroftalmologista e especialista em estrabismo, a diplopia pode ter várias origens, desde doenças neurológicas, como um aneurisma, até problemas na tireoide. “Temos os casos da diplopia relacionados à descompensação de estrabismos prévios, a tumores cerebrais e a doenças neuromusculares, como a miastenia”.
Geralmente, a diplopia atinge adultos ou crianças maiores, que já passaram pelo desenvolvimento visual. Mesmo crianças com estrabismo, não apresentam visão dupla, graças à capacidade do cérebro ignorar a imagem duplicada na fase do desenvolvimento visual.
Tipos de diplopia
A visão dupla pode ser monocular, quando afeta apenas um dos olhos e binocular, quando afeta os dois olhos. “A diplopia monocular ocorre quando há distorção da transmissão da luz até a retina, gerando duas imagens. Uma das imagens é normal e a outra de qualidade inferior”, explica a especialista.
As causas mais comuns da visão dupla monocular são catarata, ceratocone, erros refrativos não corrigidos e cicatrizes na córnea.
“A diplopia binocular ocorre quando os olhos estão desalinhados. A pessoa enxerga duas imagens nítidas e de boa qualidade. Contudo, o cérebro não consegue fundi-las em uma única. Muitas vezes, a pessoa tenta compensar a visão dupla entortando a cabeça para determinadas posições”, comenta Dra. Marcela.
“Na maioria dos casos, a visão dupla binocular está associada a problemas nos nervos e músculos que controlam os movimentos oculares. Uma das principais causas é a paralisia dos nervos cranianos. Também temos casos associados à miastenia grave, síndrome de Guillain-Barré, oftalmopatia de Graves, tumores cerebrais, traumas oculares, acidentes vasculares cerebrais e estrabismos descompensados”, adiciona a médica.
Além da visão dupla
A diplopia pode vir acompanhada de outras manifestações como embaçamento visual, dor ocular, fotofobia (sensibilidade à luz), ardência nos olhos, olhos saltados e fraqueza muscular. “O alerta é que a visão dupla não é normal e pode indicar problemas graves, como um AVC. Portanto, ao perceber o sintoma, é preciso procurar um pronto-socorro assim que possível”, alerta Dra. Marcela.
Diagnóstico da visão dupla é complexo
Como mencionamos acima, a visão dupla não é uma doença, mas uma manifestação associada a outras patologias. De qualquer maneira, o diagnóstico da doença de base depende de uma avaliação do histórico de saúde do paciente, exame físico e testes complementares.
“Para descobrir, por exemplo, se a visão dupla é monocular ou binocular, é preciso tampar um dos olhos. Quando a imagem duplicada desaparece, trata-se da diplopia binocular e quando permanece, indica a visão dupla monocular. Fazemos vários exames durante a consulta para avaliar a acuidade visual, o posicionamento das pálpebras, bem como a pressão intraocular, estado da retina, nervo óptico, entre outros testes necessários para fechar o diagnóstico”, comenta Dra. Marcela.
Normalmente, o diagnóstico depende de mais de uma especialidade médica e de exames de imagem, como tomografia e ressonância magnética. Mas, não são todos os pacientes que precisam destes exames. Além disto, alguns casos de diplopia desaparecem sem tratamento. Por outro lado, a avaliação ainda é importante.
Tratamento da diplopia depende da causa e da doença de base
De forma geral, o tratamento da doença de base tende a resolver a visão dupla. Os estrabismos descompensados, por exemplo, podem ser corrigidos cirurgicamente. Outros casos são temporários e se resolvem espontaneamente. Por fim, o tratamento das doenças que podem causar a visão dupla tende a amenizar a visão dupla.
“O mais importante é alertar a população de que o surgimento da visão duplicada é um sinal de alerta para procurar ajuda médica assim que possível. Muitas vezes, o diagnóstico imediato pode prevenir complicações mais sérias, como nos casos dos derrames e aneurismas cerebrais, por exemplo”, finaliza Dra. Marcela.
Dra. Marcela Barreira é neuroftalmologista, é oftalmopediatra e especialista em estrabismo.
O consultório fica em São Paulo, na região dos Jardins.
Para mais informações, ligue para (11) 3266-2768
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