Tratamento da ambliopia ganha novas abordagens
No último congresso da AAPOS (American Association for Pediatric Ophthalmology and Strabismus), que ocorreu no último mês de abril, nos Estados Unidos, foram apresentadas algumas novidades no tratamento da ambliopia, mais conhecida como “olho preguiçoso”. Os novos tratamentos ainda estão em fase de estudos, mas trazem uma perspectiva importante para os oftalmologistas infantis.
A primeira abordagem, ainda em fase de estudos pré-clínicos, é o uso da tetrodotoxina (TTX). A substância é injetada diretamente na retina do olho saudável, com o objetivo de suspender, temporariamente, sua função. Com isso, obriga o olho amblíope a desenvolver novas conexões com o cérebro.
Os resultados dos estudos pré-clínicos surpreenderam os pesquisadores. Isto porque houve a recuperação completa da resposta visual em todos os modelos animais, bem como a resposta ocorreu mesmo naqueles fora da fase crítica do desenvolvimento da visão.
Tratamento da ambliopia comTreinamento dicóptico deve chegar ao Brasil nos próximos anos
A outra novidade é o treinamento dicóptico, que está numa fase mais avançada de desenvolvimento. Inclusive, já está disponível em alguns países e deve chegar ao Brasil nos próximos anos.
O treinamento dicóptico é baseado no uso de óculos especiais, semelhantes aos usados para contemplar o eclipse solar. Os óculos possuem uma lente azul e a outra vermelha. A criança usa estes óculos enquanto assiste a um conteúdo específico, fornecido pela empresa detentora da tecnologia. Enquanto isso, o oftalmologista consegue monitorar, remotamente, a posição do eixo visual da criança em tempo real.
O aplicativo desfoca o centro da visão do olho dominante, enquanto fornece ao olho preguiçoso uma imagem normal e nítida. A partir disto, ocorre o estímulo visual que obriga o olho amblíope a processar as imagens. Na medida em que os olhos trabalham juntos, a criança desenvolve a visão binocular, o que também melhora a acuidade visual.
O treinamento dicóptico é visto como uma abordagem promissora para a ambliopia, tanto em crianças como em adultos.
Uma nova era no tratamento da ambliopia
Segundo Dra. Marcela Barreira, oftalmopediatra e especialista em estrabismo, as terapias binoculares são baseadas no aproveitamento da neuroplasticidade, ou seja, na capacidade de criar novas conexões neurais entre os olhos e o cérebro.
“Os estudos apresentados no congresso são animadores, pois mesmo crianças que já passaram da fase crítica do desenvolvimento visual, mostraram melhoras na visão binocular. O mesmo ocorre em adultos amblíopes”.
“Hoje, o tratamento padrão para o olho preguiçoso é o tampão. Contudo, existe um limite de idade para alcançar os resultados esperados. Para além disto, a adesão ao uso do tampão por crianças é uma barreira importante. Portanto, é bastante animador saber que teremos, em breve, novas abordagens para tratar a ambliopia, tanto em adultos, como em crianças”, comenta Dra. Marcela.
Diagnóstico precoce é a chave para bons resultados
Independentemente dos novos tratamentos, a ambliopia é uma das principais causas de baixa visão em crianças, afetando de 2 a 4% da população infantil. O olho preguiçoso pode se desenvolver em crianças com estrabismo, erros refrativos e doenças oculares, como catarata e glaucoma congênitos.
“Todas as causas da ambliopia são detectáveis e tratáveis, mas para isso é preciso conscientizar os pais a respeito da importância das consultas oftalmológicas de rotina, desde os primeiros meses de vida. O diagnóstico e o tratamento precoce da ambliopia ainda são a chave para garantir um bom desenvolvimento da visão”, finaliza Dra. Marcela.
Dra. Marcela Barreira é neuroftalmologista, é oftalmopediatra e especialista em estrabismo.
O consultório fica em São Paulo, na região dos Jardins.
Para mais informações, ligue para (11) 3266-2768
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