Doenças na retina na infância podem causar perda da visão.
Por isso, Setembro é o mês eleito para aumentar o conhecimento da população sobre as doenças da retina e é marcado pelo Dia Mundial da Retina, celebrado no último dia 25 de setembro
Doenças na retina afetam mais de 100 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo a Retinal International
Embora raras, as doenças que afetam a retina na infância são potencialmente ameaçadoras para a visão. A retina é um tecido fino que reveste a parte de trás do olho. É uma estrutura extremamente vascularizada e é fundamental para a visão. Por isso, doenças que afetam o fundo do olho podem causar a perda definitiva da visão.
A retinopatia da prematuridade (ROP) é uma das doenças da retina que podem ocorrer na infância. Segundo Dra. Marcela Barreira, oftalmopediatra especialista em estrabismo, a ROP é resultado de alterações na vascularização da retina dos bebês prematuros. Quanto mais prematuro o bebê for, maior o risco de ter a ROP.
“Os principais fatores de risco mais importantes são a idade gestacional, baixo peso e oxigenioterapia. “Embora a detecção precoce de ROP seja crucial, nem todos os casos exigirão tratamento. “Mas, o tratamento rápido permite uma maior chance de sucesso, com menos prejuízo na acuidade visual, menor risco de descolamento de retina e cegueira”, diz a médica.
Toxoplasmose e retina na infância
A toxoplasmose é uma infecção que pode causar danos na visão, principalmente quando ocorre durante a gestação. “Trata-se de uma doença causada por um parasita presente em fezes de gatos, solo, carnes, água e alimentos contaminados, principalmente os crus. A toxoplasmose pode causar cicatrizes na retina. De acordo com a localização dessas lesões, pode causar perda visual”, explica Dra. Marcela.
A toxoplasmose também pode ser adquirida durante a infância, principalmente quando a criança brinca em solos contaminados como areia, por exemplo. A contaminação também pode ocorrer por meio da alimentação e da ingestão de água não filtrada.
Além da toxoplasmose, outras infecções durante a gravidez como herpes simples, citomegalovírus, sífilis e rubéola são potencialmente perigosos para a retina. “Esses micro-organismos atravessam a placenta e podem causar muitos problemas no bebê, principalmente nos primeiros meses da gestação”, aponta a especialista.
Retinoblastoma e o reflexo esbranquiçado
Uma outra condição que pode prejudicar a retina na infância é o retinoblastoma. “Trata-se de um tumor maligno que ocorre devido a uma mutação genética. A partir dessa alteração nos genes, as células da retina começam a crescer de forma desordenada dando origem à lesão maligna”, diz Dra. Marcela.
O retinoblastoma costuma ser diagnosticado em crianças pequenas, entre os 8 meses aos 3 de idade, mas pode afetar crianças até por volta dos 5 anos. O principal sinal do retinoblastoma é o reflexo esbranquiçado no olho.
Doenças hereditárias também podem prejudicar a retina na infância
A retina também pode ser afetada por mutações genéticas que alteram o seu funcionamento e podem causar a perda visão. Há cerca de 260 genes ligados às doenças hereditárias da retina. Uma dessas doenças é retinose pigmentar (RP).
Nesses casos, a perda visual ocorre quando as células da retina sensíveis à luz morrem. A gravidade da condição varia de acordo com o gene afetado. A RP pode se desenvolver na infância ou na vida adulta. O primeiro sinal é a perda da visão noturna. Mais tarde, surgem manchas na visão lateral que reduzem a acuidade visual. Na fase mais avançada, perde-se a visão central.
Descolamento de retina na infância
Embora seja muito raro na infância, o descolamento da retina é uma condição que pode levar à perda visual. Em crianças, a principal causa costuma ser os traumas oculares ou lesões perfuro cortantes que atingem a retina.
O descolamento de retina também pode ocorrer na retinopatia da prematuridade e em crianças com algumas doenças genéticas. O tratamento precoce da condição é essencial para preservar a visão.
Cuidados preventivos são essenciais
A maioria dos problemas de retina na infância pode ser prevenido, salvo as doenças genéticas, como a retinose pigmentar.
Os cuidados preventivos devem começar ainda na gestação, com os exames pré-natais que podem detectar doenças maternas, como a toxoplasmose. A gestante deve cuidar da alimentação, evitando alimentos crus e água não filtrada e atualizar a carteira de vacinação.
A recomendação é levar o bebê em seu primeiro ano de vida a um oftalmopediatra para uma avaliação completa do sistema visual.
Por fim, os pais precisam ficar atentos aos traumas oculares que possam afetar a retina, como boladas, perfuração do olho com brinquedos e outros objetos cortantes. Vale lembrar que a toxoplasmose, a rubéola, herpes e citomegalovírus também podem ocorrer durante a infância e afetar a retina.
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