O olho seco em crianças não é tão comum. Contudo, estudos recentes apontam que o uso excessivo de celulares e tablets tem contribuído para o desenvolvimento precoce da síndrome do olho seco, na população infantojuvenil.
Segundo os pesquisadores, a explicação é que durante o uso das telas, o número de piscadas diminui. Com isto, a superfície ocular fica menos lubrificada, levando ao desenvolvimento dos sintomas. A taxa de intermitência (piscadas) pode cair de 5 a 6 vezes por minuto durante o uso das telas.
Os estudos indicam que, provavelmente, a prevalência do olho seco em crianças é subestimada, já que os sinais e sintomas do olho seco na infância e adolescência costumam ser associados a doenças como alergias e conjuntivites, por exemplo.
Menos piscadas, mais problemas
Segundo Dra. Marcela Barreira, oftalmopediatra especialista em estrabismo, durante o uso de celulares, tablets e computadores, piscamos menos. “O ato de piscar é responsável por distribui o filme lacrimal na superfície ocular. A lágrima é crucial para manter essa superfície nutrida, lubrificada, limpa e protegida contra os agentes alérgenos e partículas que possam penetrar nos olhos. Quando há queda da taxa de piscadas, a superfície ocular fica ressecada, pois a lágrima evapora mais rápido, deixando uma porta aberta para o desenvolvimento do olho seco”.
Fatores de risco do olho seco em crianças
Um estudo recente, publicado no periódico científico The Ocular Surface, fez alguns apontamentos interessantes sobre o olho seco em crianças. A prevalência da síndrome do olho seco, com base em sinais e sintomas, foi significativamente maior em crianças entre os 7 e 12 anos, moradoras de centros urbanos.
Já o uso diário das telas foi considerado um fator de risco independente de outros fatores, em crianças a partir dos 7 anos. No estudo, observou-se que quando o uso do smartphone foi interrompido por 4 semanas, os sinais e sintomas do olho seco melhoraram.
Por outro lado, os dados da pesquisa mostraram um aumento de 15% no risco de desenvolver olho seco a cada hora em frente às telas. O estudo sugeriu ainda que a alergia ocular pode ser uma comorbidade do olho seco em crianças.
Sinais e sintomas do olho seco em crianças
“A secura ocular, por si só, não indica a presença da síndrome do olho seco. O mais importante é entender que a secura nos olhos é uma queixa comum, que pode acontecer depois de um dia na piscina, em dias mais secos, em ambientes com baixa umidade no ar, entre outras situações. O principal ponto de atenção é a persistência do sintoma e o surgimento de outros sinais”, aponta Dra. Marcela.
Os pais devem ficar atentos a
- Presença persistente de secura ocular
- Sensação de corpo estranho nos olhos
- Lacrimejamento
- Vermelhidão
- Irritação
- Coceira
Diagnóstico do olho seco em crianças
Atualmente, é possível realizar um exame para avaliar a superfície ocular e determinar se há alterações sugestivas do olho seco, tanto em crianças como em adultos. O exame se chama Tearcheck. O teste é realizado em 10 minutos e permite ao oftalmologista avaliar as condições do filme lacrimal e da superfície ocular por meio de duas câmeras de alta resolução.
Prevenção e tratamento do olho seco em crianças
A melhor forma de prevenir o olho seco em crianças e adolescentes é limitar o tempo de uso de celulares, tablets e computadores. Além disso, os pais precisam estar atentos ao fato de que crianças menores de 2 anos não devem ser expostas aos dispositivos eletrônicos.
“Outra atitude é incentivar que as crianças e adolescentes façam pausas a cada 20 minutos em frente às telas. Se possível, explique a importância de piscar mais frequentemente para garantir que o filme lacrimal lubrifique a superfície ocular com mais eficácia”, reforça Dra. Marcela.
“Por fim, o ideal é reduzir o tempo nas telas e aumentar o tempo das atividades ao ar livre e dos esportes. Isso vai ajudar na prevenção do olho seco, assim como previne o surgimento da miopia ou sua progressão, algo também ligado ao uso excessivo das telas”, finaliza a especialista.
Dra. Marcela Barreira é neuroftalmologista, é oftalmopediatra e especialista em estrabismo.
O consultório fica em São Paulo, na região dos Jardins.
Para mais informações, ligue para (11) 3266-2768
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