A ambliopia, conhecida popularmente pelo termo “olho preguiçoso”, é uma condição visual que leva à diminuição da acuidade visual em um em ambos os olhos. Em geral, se desenvolve na infância e em quase metade dos casos é causada pelo estrabismo.
Para entender o olho preguiçoso é preciso conhecer o conceito da visão binocular. De acordo com a oftalmopediatra, Dra. Marcela Barreira, depois que a imagem é captada pela retina, ela é enviada ao cérebro por meio do nervo óptico.
“Nesse processo, são enviadas duas imagens, porém o cérebro tem a capacidade de fundi-las em uma única. Essa é a visão binocular, que permite enxergar um campo visual maior e dá a noção de profundidade. Ela é fundamental, por exemplo, para vermos as imagens em 3D”, diz a especialista.
Porém, algumas condições visuais que surgem na infância podem causar um conflito na fusão das imagens pelo cérebro, levando ao desenvolvimento da ambliopia. Quando a criança apresenta o estrabismo, por exemplo, o cérebro recebe dois estímulos visuais diferentes e escolhe a melhor imagem”, explica Dra. Marcela.
“Caso essa supressão das imagens no cérebro aconteça por tempo prolongado, durante o período considerado crítico para o desenvolvimento visual, que é por volta dos dois anos de idade, e que se completa por volta dos sete, há a possibilidade de ocorrer supressão irreversível, ou seja, o cérebro irá continuamente favorecer o olho com a melhor visão, reduzindo a capacidade visual do olho afetado”, afirma a oftalmopediatra.
Causas
- Ambliopia estrabísmica: é o principal fator associado à ambliopia. No estrabismo, há um desalinhamento dos eixos visuais, que leva duas imagens diferentes para o cérebro, levando o órgão a escolher a melhor imagem.
- Ambliopia refrativa: os erros refrativos são aqueles que causam a miopia, o astigmatismo e a hipermetropia. Quando há uma variação muito grande de grau de um olho para o outro, ou ainda quando cada olho apresenta um tipo diferente de erro refrativo, é possível desenvolver a ambliopia.
- Ambliopia por privação de estímulo: acontece quando há opacidade ocular causada por cataratas, cicatrizes na córnea e ptose palpebral severa. Todas essas condições impedem a entrada de luz de forma adequada, interferindo no desenvolvimento da visão. É o tipo mais grave de ambliopia e requer tratamento muito precoce.
Como identificar o olho preguiçoso?
Segundo Dra. Marcela, dificilmente a criança irá se queixar de um problema ocular nos primeiros anos de vida. “Por isso, a consulta com um oftalmopediatra, ainda no primeiro ano de vida, é fundamental para detectar qualquer condição que possa levar ao desenvolvimento da ambliopia. Pais de crianças estrábicas e com graus altos de erros refrativos precisam fazer um acompanhamento regular com o oftalmopediatra”, explica.
Como tratar a ambliopia?
Antes dos cinco sete anos de idade, o tratamento da ambliopia costuma ter resultados mais eficazes, porém quanto mais precoce, melhor e mais rápida é a resposta ao tratamento. A terapêutica mais conhecida é o uso do tampão no olho dominante, ou seja, no olho com a melhor capacidade visual. Com isso, o cérebro é forçado a utilizar a visão do olho que apresenta menor acuidade. Esse tratamento é indicado para os casos de estrabismo.
Para as crianças com erros refrativos, o tratamento pode variar, desde o uso de óculos para correção dos graus, assim como o uso do tampão em conjunto com as lentes. Em todos os casos, o acompanhamento deve ser regular.
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