O papiledema é uma doença caracterizada pelo inchaço (edema) do nervo óptico, que conecta o olho ao cérebro. O edema é uma reação a um acúmulo de pressão dentro ou ao redor do cérebro que pode ter várias causas. A causa mais comum de papiledema, especialmente em pacientes com menos de 50 anos, é a hipertensão intracraniana idiopática (HII).
Segundo Dra. Marcela Barreira, oftalmopediatra e neuroftalmologista, o papiledema é um sinal de alerta de alguma outra condição médica que precisa de atenção, como um tumor ou uma hemorragia cerebral. “Por outro lado, nem sempre o papiledema pode ser atribuído a um problema específico. Independente da causa, o importante é entender que o tratamento é fundamental para prevenir a perda da visão”.
Papiledema é consequência do aumento da pressão dentro do crânio
O cérebro fica comprimido dentro do crânio, com um espaço bastante limitado. Algumas condições como inchaço de tecidos, crescimento de tumores ou acúmulo de líquido no cérebro podem causar o aumento da pressão intracraniana que, por sua vez, pode levar ao papiledema.
Embora cerca de metade dos casos de papiledema não tenham uma causa definida, ou seja, são idiopáticos, algumas condições podem aumentar a pressão intracraniana levando ao inchaço do nervo óptico como:
- Traumatismos cranianos
- Tumores no cérebro ou na medula espinhal
- Inflamação do cérebro ou qualquer uma de suas membranas, como a meningite
- Pressão arterial extremamente alta
- Hemorragia no cérebro
- Coágulo de sangue
- Problemas com o fluxo ou quantidade de fluido que corre pelo cérebro e medula espinhal
Mulheres em risco
Quando não há razão aparente para a pressão alta dentro do crânio, a condição é chamada de hipertensão intracraniana idiopática (HII). As mulheres obesas em idade fértil tem um risco 20 vezes maior de desenvolver esta condição.
Sinais e sintomas do papiledema
Nos estágios iniciais, o papiledema pode não causar sintomas. Mas, na medida em que a doença avança, os problemas na visão surgem. Em geral, as manifestações ocorrem nos dois olhos. “A pessoa pode sentir um embaçamento visual ou até mesmo a perda total da visão por alguns segundos. Também pode ocorrer visão dupla (diplopia), dor de cabeça, mal-estar e vômitos”, aponta a especialista.
Outro sintoma que pode surgir nas fases iniciais do papiledema é a sensibilidade ao contraste. O escurecimento transitório da visão pode ocorrer com mais frequência durante a prática de exercícios físicos. Quanto à cefaleia, é importante perceber se a dor piora ao deitar.
“Na presença destes sintomas a pessoa deve procurar um médico, preferencialmente um neuroftalmologista, que é o oftalmologista especialista nas doenças que afetam o nervo óptico e tem relação com o sistema nervoso”, reforça Dra. Marcela.
Diagnóstico e tratamento: o que você precisa saber
O papiledema não tratado pode levar a sérios problemas oculares, começando com a perda da visão periférica (lateral). Em estágios posteriores, a visão pode ficar completamente turva. A perda visual é definitiva e pode afetar os dois olhos.
O oftalmologista consegue avaliar o nervo óptico na consulta por meio do exame de fundo de olho. Porém, serão necessários outros exames de imagem para analisar o edema no nervo óptico em detalhes. A ressonância magnética do crânio é essencial para detectar a causa do aumento da pressão intracraniana. A tomografia de coerência óptica também pode contribuir para o diagnóstico.
Uma vez que o papiledema é consequência do aumento da pressão intracraniana, sua melhora está associada ao tratamento da causa primária. O acompanhamento deve ser feito por uma equipe multidisciplinar que pode envolver o neuroftalmologista, um neurologista e médicos de outras especialidades.
O tratamento pode envolver o uso de medicamentos, elevação da cabeceira da cama, exames para avaliar a função visual ou ainda cirurgias para reduzir a pressão intracraniana de forma mais rápida. Por fim, em alguns casos pode haver a necessidade de realizar uma cirurgia para aliviar a pressão no nervo óptico.
Prevenção
“Não existe algo específico que possa prevenir o papiledema, já que na forma idiopática não é possível identificar a causa. Por outro lado, como a obesidade parece estar relacionada à hipertensão craniana, é importante manter hábitos saudáveis de vida para controlar o peso. Por fim, a consulta de rotina com um oftalmologista também é importante, já que é possível avaliar a saúde do nervo óptico e possíveis alterações que podem ocorrer no início do papiledema”, finaliza Dra. Marcela.
Dra. Marcela Barreira é neuroftalmologista, é oftalmopediatra e especialista em estrabismo.
O consultório fica em São Paulo, na região dos Jardins.
Para mais informações, ligue para (11) 3266-2768
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