Ceratocone é uma doença ocular que afeta a córnea. Quando não tratado, pode causar cegueira.
Quem nunca viu uma criança coçando os olhinhos quando está com sono, principalmente? Cenas como essa são comuns no dia a dia. Porém, coçar demais os olhos é um fator de risco para o desenvolvimento do ceratocone.
Trata-se de uma doença que afeta a córnea. Essa estrutura do globo ocular se localiza na parte anterior do olho. Juntamente com o cristalino, a córnea é responsável por direcionar a luz para a pupila e para retina, como se fosse uma lente.
No ceratocone, a córnea ganha um formato de cone. Daí o nome “ceratocone”. Essa nova forma da córnea resulta em um astigmatismo irregular, que reduz, significativamente, a acuidade visual. Conforme a doença progride, se não houver tratamento, pode haver a necessidade de transplante de córnea.
Ceratocone pode ser grave
A prevalência estimada do ceratocone é de aproximadamente 50 a 230 casos a cada 100 mil habitantes. Embora relativamente raro, o ceratocone é uma doença de longa duração, com necessidade de acompanhamento oftalmológico constante.
Em 10% dos casos, a doença é hereditária. Portanto, pais que tiveram a doença devem levar os filhos em um oftalmopediatra ainda na primeira infância para a avaliação de risco.
Correção de grau frequente chama atenção
O grande problema do ceratocone é que, nos estágios precoces, os sintomas são os mesmos de qualquer outro erro refrativo, como miopia, astigmatismo e hipermetropia. O que pode ser interpretado como um sinal de alerta é a necessidade frequente de correção do grau ou ainda a diminuição da tolerância ao uso de lentes de contato.
A origem do ceratocone
A constante fricção dos olhos causa traumas repetitivos, que resultam em alterações expressivas na córnea. Além disso, coçar os pode levar à liberação de substâncias inflamatórias. Essas, por sua vez, alteram o colágeno da córnea, levando à deformação da estrutura.
Grupo de Risco para ceratocone
Sem dúvidas, as crianças atópicas, ou seja, que possuem alergia, merecem atenção redobrada. Asma, rinite e alergia ocular são comuns em quem tem ceratocone. Portanto, esse é um grupo de risco para desenvolver a condição. As crianças com síndrome de Down também são consideradas de risco.
Astigmatismo irregular
Um forte indício da presença do ceratocone é o astigmatismo irregular, causado por um formato muito desigual da córnea. Nesses casos, é importante que se faça uma topografia de córnea.
Em um estágio mais avançado, quando é possível identificar clinicamente o ceratocone, há alguns sinais e sintomas, como:
- Diminuição importante da acuidade visual, tanto para perto quanto para longe, associado à miopia e/ou astigmatismo
- Sensibilidade à luz (fotofobia)
- Cansaço visual
- Coceira
- Irritação
- Desconforto ocular
Alguns pacientes podem ainda ter visão dupla (diplopia), poliopia (percepção de várias imagens de um mesmo objeto), além de feixes de luz e distorção dos reflexos em volta da luz.
Dos óculos à cirurgia
A progressão do ceratocone é relativamente lenta, cerca de seis anos. A deformação mais acentuada da córnea não tem cura. Nesses casos, a única solução é o transplante de córnea.
Mas, existem algumas técnicas que podem ser aplicadas para impedir a progressão da doença, bem como para estabilizar a curvatura da córnea. Um desses tratamentos é cross-linking.
Trata-se de um método pouco invasivo e seguro. A riboflavina, um dos tipos de vitamina B, é aplicada nos olhos. Depois, é usado um feixe de luz UV. Essa luz ultravioleta promove a ligação da vitamina com o colágeno da córnea, fortalecendo-a. Com isso, a córnea consegue manter o formato em que está no momento do procedimento.
Prevenir o ceratocone
Coçar os olhos é um hábito ruim em qualquer fase da vida. Porém, como o ceratocone começa a se desenvolver na infância ou pré-adolescência, é importante que os pais fiquem mais atentos durante essas fases.
As crianças alérgicas também devem ser monitoradas de perto, principalmente quando desenvolvem quadros frequentes de alergia ocular.
A prevenção do ceratocone e de qualquer outra doença ocular deve começar na infância. Por isso, a recomendação é procurar um oftalmopediatra ainda no primeiro ano de vida, para uma consulta oftalmológica de rotina.
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