Miopia na infância – O que os pais precisam saber

Miopia na infância – O que os pais precisam saber

A miopia na infância é cada vez mais frequente

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) até 2050, metade da população mundial será míope. No Brasil, o Ministério da Saúde estima que 35 milhões de pessoas são míopes.

Miopia na infância só aumenta

A miopia na infância tem crescido cada vez mais em todo o mundo. Segundo um estudo publicado no Journal of the American Medical Association, em 2020 a chance de uma criança desenvolver miopia era três vezes maior do que nos cinco anos anteriores.

O aumento dos casos de miopia nos últimos anos está relacionado, principalmente, às mudanças no estilo de vida. Os dois principais fatores de risco são o uso excessivo e prolongado das telas e a redução das atividades ao ar livre.

Segundo Dra. Marcela Barreira, oftalmopediatra especialista em estrabismo, a miopia ocorre quando a pessoa tem uma córnea muito curvada ou ainda um globo ocular muito alongado. “Essas características alteram a trajetória da luz, que não consegue chegar no local correto da retina. Como resultado, a visão de longe perde sua nitidez e se torna embaçada. A visão de perto no míope é boa, salvo se há presença também de outro erro refrativo, como o astigmatismo”.

Apesar de a miopia na infância ser cada vez mais prevalente na infância, há muitas dúvidas sobre o assunto. Por isso, com a ajuda da Dra. Marcela elaboramos uma lista de 11 perguntas e respostas sobre a miopia. Confira abaixo.

1- A miopia é hereditária?

A melhor resposta é que a miopia pode ser hereditária. Por outro lado, ter casos de miopia na família não é determinante, pois o desenvolvimento desse erro refrativo é uma combinação de fatores genéticos e ambientais. Porém, filhos de pais míopes tem uma probabilidade de 50% de desenvolver miopia.

O fato é que o uso excessivo e prolongado das telas associado a pouca exposição a luz solar e atividades ao ar livre são os principais fatores ambientais responsáveis pelo aumento dos casos de miopia em crianças ao redor do mundo.

2- Por que o uso de telas aumenta o risco de ter miopia ou de ter aumento do grau?

O uso prolongado e excessivo de celular, tabletes e computadores exige um esforço maior da visão de perto. Esse risco também existe quando a criança passa muitas horas estudando, já que também usa a visão de perto nesses momentos.

3- É verdade que passar mais tempo ao ar livre previne a miopia ou o aumento de grau?

Sim, passar mais tempo ao ar livre e se expor ao sol previne a miopia ou ainda o aumento do grau. A explicação é que a exposição à luz solar estimula a produção da dopamina, neurotransmissor que previne que o olho cresça alongado. A miopia é justamente resultado do alongamento do globo ocular. Esse efeito provoca a distorção do foco de luz que acarreta a dificuldade para enxergar de longe.

O outro benefício das atividades ao ar livre é que essas práticas demandam menos da visão de perto e mais da visão de longe, algo muito importante para prevenir a miopia ou sua progressão.

4- O que é progressão da miopia?

A progressão da miopia nada mais é do que o aumento do grau. Ao longo da vida, podem ocorrer alterações no grau, sem que isso seja algo preocupante.

Contudo, a progressão da miopia pode ameaçar a visão quando a pessoa apresenta graus mais elevados.

A miopia é classificada de acordo com o grau:

  • Miopia leve – 0,25 a -3 graus
  • Miopia moderada- 3,25 graus a 6 graus
  • Miopia alta – maior que -6 graus

A miopia alta corresponde a cerca de 10 a 20% dos casos de miopia em geral. Esse é um número relativamente alto de pacientes que precisam ser acompanhados de perto para prevenir problemas futuros na visão. A miopia progressiva costuma afetar crianças e adolescentes que apresentam aumento importante de grau num período menor que um ano.

5- Por que a progressão da miopia pode ser perigosa?

As crianças com graus moderados e altos de miopia precisam de acompanhamento oftalmológico mais frequente do que àquelas com graus baixos.

Isso porque o aumento do grau da miopia pode causar lesões na retina e no nervo óptico. Essas são estruturas essenciais para a visão, portanto, qualquer dano nessas regiões pode causar perda da visão.

A progressão da miopia pode causar o descolamento de retina devido ao alongamento do globo ocular que deixa a retina mais fina e frágil. Outro resultado dos graus mais altos de miopia é o desenvolvimento do glaucoma que pode causar perda definitiva da visão.

6- Qual a relação da miopia com a ambliopia?

Existem pessoas que podem ter erros refrativos diferentes entre os olhos ou ainda grande diferença de grau, em geral maior que 4 graus, de um olho para o outro. Essa condição leva ao desenvolvimento da chamada ambliopia refrativa que pode ser causada por todos os erros refrativos, ou seja, pela miopia, astigmatismo e hipermetropia.

A diferença de grau ou de tipo de erro refrativo entre os olhos afeta a visão binocular na medida em que o cérebro recebe duas imagens diferentes, uma de cada olho, e não consegue juntá-las em um só.

O olho mais fraco recebe menos sinais visuais. Eventualmente, a capacidade dos olhos de trabalhar juntos diminui e o cérebro suprime ou ignora a imagem do olho mais fraco, causando a ambliopia, mais conhecida pelo termo olho preguiçoso.

7- Por que muitas pessoas com miopia também têm astigmatismo?

A miopia e o astigmatismo podem coexistir. Ou seja, uma pessoa pode ter miopia e astigmatismo ao mesmo tempo. Quando isso ocorre é chamado de astigmatismo miópico.

A miopia causa dificuldades para enxergar de longe. Já o astigmatismo causa dificuldade para ver de longe e de perto. Muitas pessoas podem nem imaginar que possuem os dois erros refrativos ao mesmo tempo. Quem tem o astigmatismo miópico não consegue enxergar com nitidez, especialmente em distâncias maiores. A visão fica distorcida e borrada.

8- É possível diagnosticar miopia em bebês e em crianças que ainda não falam?

Muitos pais desconhecem que o exame visual pode ser feito em bebês e crianças que ainda não sabem nem falar e nem ler. Isso graças a equipamentos especialmente feitos para o exame oftalmológico nessa faixa etária.

O exame que detecta a presença de miopia, astigmatismo ou hipermetropia em bebês e em crianças se chama esquiascopia.

O aparelho usado se chama esquiascópio e lembra uma régua, com diversas lentes. Esse exame pode ser feito com ou sem dilatação das pupilas. Entretanto, a dilatação é importante para determinar com mais precisão os erros refrativos.

Para tranquilizar os pais de primeira viagem, é importante dizer que embora os colírios causem um leve desconforto no início, é uma sensação suportável e passageira.

9- Por que a maioria das crianças com miopia só recebe o diagnóstico na idade pré-escolar e escolar?

Normalmente os erros refrativos costumam ser detectados quando a criança vai para a escola. O acompanhamento oftalmológico no primeiro ano de vida é importante, mas ainda não é uma realidade no Brasil.

Outra razão para o atraso no diagnóstico da miopia é que bebês e crianças pequenas não têm um parâmetro para dizer se estão enxergando bem ou mal.

Já na fase pré-escolar e escolar a demanda pela visão é maior. Em muitos casos, a criança começa a ter problemas na aprendizagem e isso acaba culminando na busca de ajuda do pediatra que pode encaminhar a criança para uma consulta oftalmológica.

10- Existem sinais que podem indicar que a criança tem miopia?

Ainda que bebês e crianças menores não reclamem da visão, há sinais que podem ajudar os pais a perceberem problemas visuais como:

  • Coçar muito os olhos, sem outra causa (alergia, conjuntivite etc.)
  • Sensibilidade a luz
  • Ficar perto da TV quando assiste a algum desenho ou trazer o tablet ou celular para muito perto do rosto
  • Tropeços e quedas frequentes

Nas crianças maiores, a dica é prestar atenção nas seguintes manifestações:

  • Dor de cabeça recorrente, principalmente no final do dia ou logo após atividades escolares
  • Aumento da frequência das piscadas
  • Aperto das pálpebras para conseguir enxergar
  • Ver TV ou usar outros dispositivos eletrônicos com o rosto aproximado desses objetos
  • Dificuldades de aprendizagem
  • Tropeços e quedas frequentes
  • Dificuldades em esportes
  • Coceira ocular

11- Como é o tratamento da miopia na infância?

O tratamento da miopia na infância é realizado por meio do uso de óculos com lentes corretivas. A maioria das crianças se adapta aos óculos. As crianças maiores que já conseguem se responsabilizar pela higiene podem optar pelas lentes de contato, mas não é o ideal.

A cirurgia refrativa que corrige o grau de forma definitiva só pode ser feita em pessoas acima dos 18 anos, sem outras contraindicações. A explicação é que o olho cresce juntamente com as outras partes do corpo e o crescimento do globo ocular pode alterar o grau.

12- Como prevenir a miopia na infância?

A prevenção da miopia é simples e se faz por meio da mudança de hábitos e de cuidados médicos.

A primeira atitude é levar o bebê em seu primeiro ano de vida para uma consulta com o oftalmopediatra e realizar consultas periódicas ao longo dos primeiros anos de vida e, especialmente, na fase pré-escolar.

Os pais que são míopes e astigmatas precisam ficar mais atentos e evitar a exposição da crianças aos fatores ambientais que podem causar o desenvolvimento da miopia. Mas isso também deve ser feito nas famílias que não têm histórico da miopia.

Regras para telas

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatra (SBP) e da Organização Mundial da Saúde (OMS), as recomendações de tempo de uso de dispositivos são:

  • Crianças de até 2 anos de idade não devem ser expostas a telas, de nenhuma maneira
  • Entre 2 e 5 anos, o uso de telas não deve ultrapassar 1 hora por dia
  • Crianças de 6 a 10 anos podem usar os dispositivos eletrônicos até 2 horas por dia
  • Para a faixa etária 11 a 18 anos, o uso deve ser limitado a 3 horas por dia

Aumento de atividades ao ar livre/exposição solar

A luz do sol é essencial para prevenir o alongamento do globo ocular, algo que pode causar a miopia ou aumentar o grau.

Dessa maneira, é preciso aumentar a exposição das crianças à luz do sol. Isso pode ser feito de várias formas. Mas é importante dizer que a recomendação é que as atividades ao ar livre sejam feitas todos os dias.

Outro benefício de atividades esportivas ou de lazer em espaços abertos é o descanso para a visão de perto e o uso da visão de longe.

Dra. Marcela Barreira é neuroftalmologista, é oftalmopediatra e especialista em estrabismo.

 A médica atende em seu consultório em São Paulo, na região dos Jardins.

Para mais informações, ligue para (11) 3266-2768

Adicionar Comentário

Your email address will not be published. Required fields are marked *

Abrir WhatsApp
1
Olá, faça seu agendamento de consulta por aqui!