A hipermetropia pode causar estrabismo acomodativo, em que o olho se desvia para dentro devido ao esforço visual para acomodar e focar os objetos de perto.
Para falar mais sobre o assunto, hoje vamos entrevistar a oftalmopediatra Dra. Marcela Barreira, especialista em estrabismo e Chefe do Serviço de Neuroftalmologia do Banco de Olhos de Sorocaba (BOS).
Hipermetropia surge na infância
Primeiramente, é importante entender o que é a hipermetropia. Trata-se de um erro refrativo que dificulta enxergar de perto.
“Em geral, a hipermetropia é o resultado de um globo ocular menor do o que normal, mais achatado ou com uma córnea mais plana. Sendo assim, essas alterações no formato do olho fazem com a luz atinja a parte de trás da retina, dificultando a visão de perto. Por outro lado, a visão de longe, em quem tem apenas a hipermetropia, é nítida”, explica Dra. Marcela.
“Curiosamente, a maioria dos bebês nasce com algum grau de hipermetropia, o que chamamos de hipermetropia fisiológica. Contudo, na medida em que o olho cresce e a visão se desenvolve, a hipermetropia tende a desaparecer ou a diminuir, especialmente na adolescência. Dessa forma, nem sempre será preciso usar óculos para corrigir esse erro refrativo”, aponta a oftalmologista.
Grau alto de hipermetropia pode causar estrabismo
Em contrapartida, um grau mais alto de hipermetropia pode causar estrabismo acomodativo, especialmente em crianças menores de 7 anos. “A razão é que a visão de desenvolve fora do útero e se completa por volta dos 7 ou 8 anos. Portanto, problemas oculares que surgem nessa fase de desenvolvimento visual, podem causar problemas, como o estrabismo”, conta Dra. Marcela.
Adicionalmente, o estrabismo acomodativo pode levar à ambliopia, mais conhecida como “olho preguiçoso”. “Vale ressaltar que quanto mais alto o grau da hipermetropia, maior o risco de desenvolver o estrabismo acomodativo e a ambliopia, especialmente nas crianças abaixo dos 7 anos de idade”, alerta a especialista.
O que é um grau alto de hipermetropia?
A classificação da American Association for Pediatric Ophthalmology and Strabismus (AAPOS) considera as seguintes medidas do grau para tratamento da hipermetropia:
- 12 a 30 meses – grau maior que +4,5
- 2,5 a 4 anos – maior que +4,0 (considerado um fator de risco para ambliopia)
- A partir dos 5 anos- mais de +3,5 dioptrias (considerado um fator de risco de ambliopia)
Entenda por que a hipermetropia pode causar estrabismo
Segundo Dra. Marcela, uma criança com hipermetropia realiza muito esforço para conseguir enxergar de perto. “Dessa forma, o olho perde seu alinhamento e se desvia para dentro, em direção ao nariz. Esse tipo de desvio recebe o nome de desvio convergente. Sendo assim, a hipermetropia pode causar estrabismo”.
Entretanto, é importante dizer que nem sempre uma criança com hipermetropia irá desenvolver o estrabismo. Na verdade, isso acontece, em geral, quando o grau é alto.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da hipermetropia é importante, já que o tratamento pode evitar a ambliopia. Então, a melhor maneira de saber se o bebê ou a criança tem hipermetropia é consultar um oftalmologista infantil, se possível nos primeiros meses de vida.
Óculos é o tratamento padrão para hipermetropia e estrabismo acomodativo
O tratamento da hipermetropia e do estrabismo acomodativo consiste no uso de óculos para corrigir o grau. Portanto, o estrabismo causado pela hipermetropia é o único que não tem indicação para correção cirúrgica. Todavia, vale reforçar a importância do uso do óculos para prevenir o desenvolvimento da ambliopia.
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“Eventualmente, a cirurgia pode ser necessária para corrigir o estrabismo acomodativo. Isso porque alguns pacientes, mesmo com o uso de óculos, continuam apresentando um desvio do eixo ocular. Assim, a cirurgia visa corrigir esse desvio restante”, finaliza Dra. Marcela.
Dra. Marcela Barreira é oftalmopediatra, especialista em estrabismo e neuroftalmologista.
O consultório fica na Vila Nova Conceição, zona sul da cidade de São Paulo.
Para mais informações, ligue para 11 3846 0200
Matéria produzida pela jornalista Leda Maria Sangiorgio – MTB 30.714
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