Como funciona o tratamento do estrabismo com toxina botulínica?

Como funciona o tratamento do estrabismo com toxina botulínica?

O tratamento do estrabismo com toxina botulínica, substância famosa por seu uso nos tratamentos estéticos, é realizado para corrigir alguns tipos de desvios oculares.

Quais tipos de estrabismo podem ser tratados com a toxina botulínica?

Segundo Dra. Marcela Barreira, oftalmopediatra especialista em Estrabismo, atualmente, a principal indicação do uso de toxina botulínica é para corrigir o desvio causado pelo estrabismo paralítico causado pela paralisia do músculo reto lateral, conhecida por paralisia do VI Nervo Craniano.

Um pouco mais sobre a toxina botulínica

A maioria das pessoas conhece a toxina botulínica por um dos seus nomes comerciais, o Botox. Além disso, a visão da população em geral sobre a substância é que sua aplicação é para fins estéticos.

Entretanto, o que poucas pessoas sabem é que o primeiro uso da toxina botulínica foi para tratar o estrabismo. Que tal falarmos um pouco mais sobre a linha do tempo da descoberta dessa substância?

Tudo começou em 1817, quando um surto de intoxicação alimentar levou várias pessoas a óbito na Alemanha. O médico alemão Justinus Kerner associou às mortes a um veneno encontrado em salsichas defumadas e denominou a doença como botulismo, nome relacionado ao termo em latim botulus, que significa salsicha.

Mas foi só em 1897, que o belga Emile Van Ermengen descobriu que a responsável pela intoxicação era uma bactéria que produzia neurotoxinas que levavam ao botulismo. A bactéria foi chamada de Clostridium botulinum.

Muitos anos depois e após muitas pesquisas, o oftalmologista Alan B. Scott realizou experimentos com a toxina botulínica tipo A (uma forma purificada do produto) e percebeu que a substância era capaz de melhorar os desvios oculares causados pelo estrabismo.

Já na década de 70, Scott passou a aplicar a toxina botulínica autorizado pela agência que regula o uso de medicamentos nos Estados Unidos, o FDA Food and Drug Administration). Desde então, diversos estudos foram realizados e hoje a toxina botulínica é usada tanto para fins estéticos, como para tratar doenças e condições, como o estrabismo.

Como funciona o tratamento do estrabismo com toxina botulínica?

A toxina botulínica é aplicada diretamente nos grupos musculares responsáveis pelos desvios que ocorrem no estrabismo.

“Entretanto, há indicações bem específicas. Isso quer dizer que não são todos os tipos de estrabismo que podem ser tratados com a substância. Hoje, a principal indicação é para tratar o desvio causado pelo estrabismo do VI Nervo Craniano. Além desse, também pode ser um recursos para corrigir os estrabismos convergentes (olho para dentro) de pequeno e médio ângulos”, explica Dra. Marcela.

A toxina botulínica funciona em todos os estrabismos?

Uma das desvantagens da toxina botulínica é que em alguns casos pode ser necessário fazer mais de uma aplicação para atingir o resultado. Há também pessoas que não respondem ao efeito da substância. Outro ponto importante é que alguns estudos apontaram um resposta insatisfatória nos casos de estrabismos em que o desvio do olho é muito acentuado.

“Quando o desvio visual é muito grande, é preciso fazer muitas aplicações até conseguirmos a correção. Em crianças, o tratamento com a toxina botulínica requer anestesia geral. Ou seja, significa que a criança vai ser submetida a várias anestesias. Além disso, pode ocorrer de a criança ainda precisar da cirurgia para resolver o estrabismo”, alerta Dra. Marcela.

Portanto, nos estrabismos em que o olho se desvia para dentro de forma bastante acentuada, a primeira escolha é a correção cirúrgica do estrabismo. Já em desvios convergentes e verticais pequenos, a utilização da toxina botulínica tem resultados excelentes, tanto em crianças como em adultos.

O desvio para fora pode ser tratado com toxina botulínica?

“A utilização da toxina botulínica nos desvios divergentes (olhinho para fora) é bem menos frequente. “Isso porque o efeito no músculo reto lateral (músculo que puxa o olhinho para fora) é pior (não se sabe o motivo dessa pior resposta nesses músculos). Nesses casos a melhor opção ainda é a cirurgia”, comenta Dra. Marcela.

Apesar da importância da toxina botulínica para fins terapêuticos, o seu uso para tratar o estrabismo deve ser avaliado de acordo com diversos critérios, como tipo de desvio, idade do paciente, tamanho do desvio, entre outros aspectos.

Portanto, somente o oftalmologista especializado em estrabismo pode determinar qual o melhor tratamento para o paciente, de forma individualizada.

Dra. Marcela Barreira é neuroftalmologista, é oftalmopediatra e especialista em estrabismo.

 A médica atende em seu consultório em São Paulo, na região dos Jardins.

Para mais informações, ligue para (11) 3266-2768

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