Há casos em que o estrabismo não pode ser operado ou ainda em que é preciso avaliar, com cautela, a necessidade da cirurgia de correção do desvio. Hoje, vamos falar sobre os casos em que não há indicação da cirurgia de estrabismo.
Segundo Dra. Marcela Barreira, oftalmopediatra, especialista em estrabismo e neuroftalmologista, o estrabismo se caracteriza pelo desvio do eixo ocular. “A maioria dos casos se desenvolve na infância, sendo que a origem exata do estrabismo ainda não está totalmente esclarecida. Em adultos, o desvio ocular, normalmente, está relacionado a doenças neurológicas ou ainda da tireoide. Já nas crianças, algumas causas também podem ser de origem neurológica, ligadas a algumas doenças genéticas. Por fim, o estrabismo pode ser idiopático, ou seja, sem uma causa que pode ser definida”.
Tipos de estrabismo
“Existem vários tipos de estrabismo, classificados de acordo com a direção do desvio. O mais conhecido é o estrabismo convergente, aquele em que o olho se desvia para dentro. O estrabismo divergente ocorre quando o desvio do olho é para fora. Temos também estrabismos verticais, mas são menos frequentes”, explica Dra. Marcela
Situações em que o estrabismo não pode ser operado
Agora que já falamos um pouco mais sobre o estrabismo, vamos abordar quais são os tipos que não devem ou não podem ser operados.
-
Estrabismo acomodativo
“O estrabismo acomodativo está associado à hipermetropia, erro refrativo que afeta a visão de perto. O tratamento deste tipo de desvio é o uso de óculos de grau. Assim que a criança coloca os óculos, o desvio desaparece. Contudo, ao retirar os óculos, o desvio retorna. De qualquer maneira, este estrabismo não pode ser operado”, aponta a especialista.
-
Pseudoestrabismo
O pseudoestrabismo, popularmente chamado de falso estrabismo, é uma condição em que há a falsa impressão de que o olho está desalinhado. A impressão ocorre, principalmente, em fotografias ou quando a criança gira a cabeça em algum ângulo específico.
“O epicanto é uma das principais causas do falso estrabismo. Trata-se de uma condição em que a pele das pálpebras cobre parte do branco do olho, na região perto do nariz (prega nasal). Esta cobertura do canto interno do olho dá a impressão de que o olho está desalinhado, quando na verdade não está”, conta Dra. Marcela.
A falsa impressão de desalinhamento do eixo ocular também pode ser causada por uma distância grande ou estreita entre os olhos. Uma causa mais rara é a heterocromia, condição em que a pessoa nasce com um olho de cada cor. O pseudoestrabismo, portanto, não tem indicação de cirurgia, uma vez que não há um desvio real do eixo ocular.
-
Estrabismos recém-operados
A correção cirúrgica do estrabismo costuma ocorrer na infância, para aproveitar a chamada “janela de oportunidade” do desenvolvimento visual. A operação precoce previne o desenvolvimento da ambliopia, entre outros problemas visuais. Na maioria dos casos, a cirurgia corrige o estrabismo, sem necessidade de realizar uma nova operação.
Contudo, em alguns casos pode ser necessária uma segunda cirurgia. Como o olho cresce, algumas crianças podem apresentar novos desvios ou a recorrência do desvio corrigido. Há também casos de hipercorreção, ou seja, cirurgias em que houve uma correção mais acentuada que leva a um novo desalinhamento.
“A recomendação é aguardar o tempo necessário após a cirurgia para avaliar se há ou não necessidade de realizar uma nova cirurgia. Portanto, este estrabismo não pode ser operado de forma precoce, ou seja, pouco tempo após a primeira correção”, diz Dra. Marcela.
-
Visão dupla recente
Outro estrabismo que não pode ser operado é aquele que surge em adultos, acarretando visão dupla. “A diplopia costuma ter relação com problemas neurológicos, como aneurismas, acidente vascular cerebral (AVC), tumores cerebrais e paralisia de nervos cranianos. Pode ainda ter associação com doenças da tireoide e condições oftalmológicas, como cirurgias oculares recentes”, comenta a especialista.
Em muitos casos, a diplopia desaparece de forma espontânea. Portanto, é preciso aguardar algum tempo, bem como avaliar se o tratamento da doença que levou à visão dupla foi suficiente para normalizar o desvio dos olhos.
Conclusões finais – Quando o estrabismo não pode ser operado
Como vimos, há casos em que o estrabismo não pode ser operado. Por outro lado, a maioria dos estrabismos podem ser corrigidos ainda na infância. De qualquer maneira, a decisão sobre a cirurgia é sempre do oftalmologista, que leva em consideração diversos aspectos, como idade da criança, tipo de estrabismo, condições gerais de saúde, entre outros.
“O mais importante é que na presença de desvios oculares, os pais procurem um oftalmologista especialista em estrabismo para uma avaliação completa. Quanto mais precoce a cirurgia, melhores serão os resultados”, finaliza Dra. Marcela.
Dra. Marcela Barreira é neuroftalmologista, é oftalmopediatra e especialista em estrabismo.
O consultório fica em São Paulo, na região dos Jardins.
Para mais informações, ligue para (11) 3266-2768
Adicionar Comentário