O estrabismo em prematuros é uma condição bastante frequente. De acordo com um estudos recentes, quanto menores a idade gestacional e o peso do bebê, maior o risco de o bebê pré-termo apresentar desalinhamento do eixo visual.
Um estudo publicado no BMC Ophthalmology apontou que em prematuros de 29 a 32 semanas, a prevalência de estrabismo é de cerca de 22% e naqueles com menos de 28 semanas pode chegar a 26%.
Segundo Dra. Marcela Barreira, oftalmopediatra especialista em estrabismo, o desenvolvimento da visão ocorre nas últimas 12 semanas da gestação e só se completa fora do útero, por volta dos 7 anos de idade. “Os bebês que nascem prematuros têm risco aumentado para desenvolver patologias oculares pela imaturidade de todo o organismo, incluindo o sistema nervoso central (SNC). O alinhamento dos olhos depende do bom funcionamento dos músculos oculomotores ligados ao SNC”.
Estrabismo em prematuros: Como é diagnosticado?
O desalinhamento do eixo visual é comum em bebês recém-nascidos, sem que isso represente um diagnóstico de estrabismo. “O recém-nascido, prematuro ou não, não consegue usar os dois olhos ao mesmo tempo. Por isso, o desvio ocular pode ocorrer em certos momentos. Entretanto, após os 3 a 4 meses de vida, esse desalinhamento pode indicar a presença do estrabismo”, explica Dra. Marcela.
Por outro lado, os bebês prematuros podem desenvolver problemas oculares ao longo dos primeiros dias e meses de vida. Dessa maneira, o acompanhamento oftalmológico de bebês que nascem antes das 38 semanas é fundamental para detectar e tratar precocemente as patologias que podem afetar a visão, como o estrabismo”, reforça a especialista.
O estrabismo mais comum em prematuros é o convergente, quando o desvio do eixo ocular ocorre em direção ao nariz.
Como o estrabismo é tratado?
O tratamento padrão do estrabismo é a cirurgia, que costuma ser feita ao longo dos primeiros anos de vida. Por outro lado, os desvios muito acentuados podem necessitar de cirurgia de forma mais precoce para prevenir problemas no desenvolvimento visual.
“Vale reforçar que o estrabismo acomodativo, causado pela hipermetropia, é o único que não tem indicação cirúrgica. Isso porque o uso de lentes corretivas costuma ser suficiente para eliminar o desvio ocular”, diz Dra. Marcela.
De qualquer maneira, é sempre o oftalmopediatra quem determina o melhor momento para realizar a cirurgia de correção do estrabismo. Vale reforçar que o tratamento precisa ser feito dentro da chamada “janela de oportunidade”, entre os 2 anos até os 7 anos de idade.
Estrabismo pode causar outros problemas na visão
Embora muitas pessoas pensem que o desalinhamento visual é apenas algo estético, a verdade é que o estrabismo na infância pode prejudicar o desenvolvimento da visão binocular, essencial para vermos em profundidade. “O desalinhamento do eixo visual impede que o cérebro consiga juntar as duas imagens captadas pelos olhos em uma só. O órgão escolhe a melhor imagem, que é a do olho que não tem o desvio”, aponta a médica.
A partir disso se desenvolve a ambliopia, mais conhecida pelo termo “olho preguiçoso”. Em muitos casos, além da cirurgia do estrabismo, a criança pode precisar da terapia de oclusão ocular, mais conhecida como tampão. O objetivo é tampar o olho saudável para que o olho afetado pelo desvio possa se desenvolver.
“Felizmente, a cirurgia de correção de estrabismo é segura e consegue corrigir os desvios oculares de forma satisfatória. Porém, os pais devem estar cientes de que quanto antes for feito o tratamento do estrabismo, maiores serão as chances de assegurar um bom desenvolvimento visual”, finaliza Dra. Marcela.
Dra. Marcela Barreira é neuroftalmologista, é oftalmopediatra e especialista em estrabismo. A médica tem experiência em tratar a ambliopia com tampão.
O consultório fica em São Paulo, na região dos Jardins.
Para mais informações, ligue para (11) 3266-2768
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