Desvio do olho para dentro pode estar presente desde o nascimento
O estrabismo congênito, também chamado de esotropia, é o desvio do olho para dentro, em direção ao nariz. Na forma congênita, o desalinhamento costuma ser constante e bastante evidente já nos primeiros dias ou meses de vida.
Segundo Dra. Marcela Barreira, oftalmopediatra especialista em estrabismo, os bebês em geral apresentam desvios oculares devido ao fato de que a visão se desenvolve fora do útero. Este desalinhamento é considerado normal e melhora a partir dos 4 meses de idade. “Por outro lado, o estrabismo congênito é diferente, porque o desvio é muito acentuado e não desaparece sozinho”.
O estrabismo congênito pode afetar qualquer bebê. Este desvio costuma também ser mais comum em bebês prematuros e naqueles com síndromes genéticas, como a síndrome de Down e de Duane. “Hoje existe um interesse crescente sobre as bases genéticas do estrabismo. Alguns estudos apontaram que existem mutações genéticas relacionadas ao eixo visual. Além disto, filhos de pais com estrabismo correm um risco maior de apresentarem a condição”, comenta a especialista.
Estrabismo congênito pode causar danos permanentes na visão
O estrabismo congênito precisa ser tratado de forma precoce. O desvio precisa ser corrigido antes de a criança completar um ano. Em geral, a cirurgia pode ser feita entre os 10 e 18 meses. “A cirurgia é uma tentativa de restaurar, nem que seja um pouco, a visão binocular para prevenir a ambliopia, mais conhecida como olho preguiçoso. Esta condição pode atingir até metade dos bebês com estrabismo congênito”, diz Dra. Marcela.
A visão binocular depende da capacidade do cérebro em fundir as imagens captadas pelos dois olhos em uma só. Isto é essencial para enxergamos um campo visual maior e para termos a noção de profundidade.
“No estrabismo, o cérebro ignora a imagem captada pelo olho afetado pelo desvio, dando preferência à imagem captada pelo olho saudável. Portanto, o olho com o desvio não tem a mesma chance de se desenvolver como o olho alinhado. Como resultado, a criança pode perder ou sofrer um prejuízo importante na visão binocular”, aponta a médica.
Estrabismo congênito: como ocorre o diagnóstico?
Provavelmente você já deve ter ouvido falar do teste do olhinho. Trata-se de um exame realizado na maternidade para detectar doenças congênitas como glaucoma, catarata, doenças da retina e malformações. Embora seja um teste de triagem neonatal de suma importância, pode não ser suficiente para diagnosticar o estrabismo congênito.
“Infelizmente o teste de olhinho nem sempre é realizado por um oftalmologista. Este profissional tem um olhar mais apurado e treinado para detectar condições oftalmológicas que podem não ser tão evidentes durante o exame. Mas sempre que houver alguma alteração mais importante, o bebê deve ser encaminhado para uma consulta oftalmológica”, finaliza Dra. Marcela.
De qualquer maneira, os pais devem levar o bebê, com ou sem alterações visuais, para uma consulta de rotina com o oftalmopediatra nos primeiros meses de vida.
Dra. Marcela Barreira é neuroftalmologista, é oftalmopediatra e especialista em estrabismo. A médica tem experiência em tratar a ambliopia com tampão.
O consultório fica em São Paulo, na região dos Jardins.
Para mais informações, ligue para (11) 3266-2768
Adicionar Comentário