Estudos apontam que a taxa de reoperação pode chegar a quase 16%
Infelizmente, se um paciente com estrabismo perguntar sobre a probabilidade de ele precisar ser operado novamente, nos próximos 21 anos, a resposta é, provavelmente, muito maior do que 15,7%. Essa taxa no primeiro ano pós cirurgia é de 7,7% em crianças e de 8,5% em adultos, segundo um estudo publicado no Canadian Journal of Ophthalmology.
Mas, o retorno do desvio ou a necessidade de ajustes após a primeira cirurgia é uma situação esperada, de acordo com Dra. Marcela Barreira, oftalmopediatra especialista em estrabismo.
“A recorrência do desvio é uma condição comum na prática da oftalmologia. Há várias razões para isso acontecer. Quando o estrabismo é cirúrgico, o primeiro passo é medir o tamanho do desvio e avaliar quais músculos serão operados e quanto iremos fortalecer ou enfraquecer esses músculos”, diz.
Podemos pensar nesses músculos como se fossem as rédeas de um cavalo. Eles são responsáveis pelos movimentos dos olhos (para cima, para baixo e para os lados). A cirurgia vai reposicionar ou encurtar esses músculos para que trabalhem em sincronia.
“Esses cálculos são feitos a partir de tabelas e predizem o resultado. Entretanto, alguns pacientes podem não responder a esses cálculos e apresentar recidivas do desvio”, comenta Dra. Marcela.
Período de ajuste
A primeira condição que pode ocorrer após a cirurgia de estrabismo é a hipocorreção, ou seja, quando houve um déficit na correção do desvio. A incidência de corrigir menos do que deveria é de 22 a 59%. Em outros casos, ocorre o oposto, há uma hipercorreção do desvio.
Entretanto, alguns estudos mostram que a hipercorreção pós-operatória precoce pode minimizar a tendência de recorrência do estrabismo. “Como o músculo após a cirurgia tem um período de ajuste, é possível que o desvio se normalize em cerca de um ano, período considerado mais adequado para avaliar o resultado da correção”, diz Dra. Marcela.
Idade pode ser fator de risco
Outro fator envolvido na necessidade de uma nova cirurgia é a idade, que tem um efeito significativo na taxa de recorrência. Mudanças grandes nos graus dos erros de refração, como a miopia, também estão relacionados à recidiva do estrabismo.
“Quando operamos uma criança, por exemplo, é possível que devido ao crescimento do olho o desvio possa aparecer novamente. O tipo de tônus muscular também pode interferir, pois há pessoas que têm um músculo mais flácido, por exemplo”, explica a especialista.
Sucesso no tratamento
A boa notícia é que a cirurgia de estrabismo é considerada de pequeno porte e segura. Portanto, mesmo que seja necessária uma nova correção, é possível fazer e ter o desvio corrigido. “Inclusive, após uma reoperação é raro o estrabismo retornar”, finaliza Dra. Marcela.
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