O estrabismo acomodativo se caracteriza pelo desvio do olho para dentro, em direção ao nariz. Porém, o desalinhamento do olho ocorre quando a criança precisa enxergar de perto. Isso porque a causa desse tipo de estrabismo é a hipermetropia.
Para entender melhor o estrabismo acomodativo, hoje vamos entrevistar a oftalmopediatra Dra. Marcela Barreira, especialista em Estrabismo, que atende em São Paulo, capital.
Estrabismo acomodativo – O que você precisa saber
Segundo Dra. Marcela, o estrabismo é uma condição que se desenvolve na infância e afeta de 3 a 5% das crianças. “Há vários tipos de estrabismo, mas todos se caracterizam pelo desalinhamento do eixo ocular. Desse modo, os desvios podem ocorrer para fora, para dentro, para cima e para baixo”.
A causa do estrabismo é um desequilíbrio de força nos músculos oculomotores. Esses músculos são responsáveis pelos movimentos dos olhos para todos os lados. O estrabismo se desenvolve quando há alguma alteração no funcionamento desses músculos. Em outras palavras, o estrabismo impede que os músculos oculares trabalhem de forma sincronizada, levando ao desvio dos olhos”, explica a oftalmologista infantil.
No estrabismo acomodativo, que é um desvio convergente (para dentro), a causa é a hipermetropia, um erro refrativo que afeta a visão de perto. O desvio ocorre quando a criança faz um esforço visual maior, na tentativa de enxergar as imagens próximas.
Hipermetropia e estrabismo acomodativo – Qual a relação
Primeiramente, é importante esclarecer que a visão se desenvolve fora do útero e se completa por volta dos 7 anos. Desse modo, muitas funções visuais se aprimoram ao longo da infância.
“Uma delas é a capacidade de acomodação, responsável pela função de foco das imagens. De uma forma mais didática, podemos comparar a acomodação do olho humano com o foco da uma câmera de celular. Quando precisamos tirar uma foto de um objeto próximo, por exemplo, a câmera realiza ajustes até que a imagem fique nítida. Esse fenômeno também ocorre no olho humano”, esclarece Dra. Marcela.
A hipermetropia é um erro refrativo que ocorre em crianças que possuem um olho menor do que deveria ser ou ainda uma córnea mais achatada. “Essas alterações do globo ocular mudam a trajetória da luz, que quando entra no olho, atinge a parte de trás da retina. O resultado é uma visão de curta distância embaçada e sem nitidez”, aponta a médica.
O que é um grau alto de hipermetropia?
Acima de tudo, é crucial entender que nem todas as crianças com hipermetropia irão desenvolver o estrabismo acomodativo. Na verdade, esse tipo de desvio afeta crianças e adolescentes que possuem graus altos de hipermetropia.
Veja abaixo a classificação da hipermetropia, da Associação Americana de Oftalmologia Pediátrica e Estrabismo (AAPOS). Essas diretrizes da entidade são usadas para definir a necessidade de uso de óculos.
- 12 a 30 meses – grau maior que +4,5
- 2,5 a 4 anos – maior que +4,0 (considerado um fator de risco para ambliopia)
- A partir dos 5 anos- mais de +3,5 dioptrias (considerado um fator de risco de ambliopia)
Leia tudo sobre a hipermetropia aqui.
Pais precisam estar atentos ao desvio
O estrabismo convergente é um dos mais evidentes, ou seja, os pais podem perceber com mais facilidade que a criança desvio o olho em certas situações. Por outro lado, os erros refrativos nem sempre apresentam sinais que possam despertar nos pais alguma desconfiança a respeito de problemas na visão.
Mesmo assim, é importante que os pais fiquem atentos a algumas manifestações que podem indicar alguma alteração no desenvolvimento visual da criança. Confira abaixo:
- Desvio do olho em atividades que demandam a visão de perto: quando a criança está desenhando, pintando ou em qualquer outra atividade em que é preciso enxergar de perto e desvia o olho para dentro;
- Queixas de dor de cabeça após atividades visuais que exijam a visão de curta distância;
- Lacrimejamento;
- Visão embaçada;
- Dificuldades de ler, escrever, pintar;
“Definitivamente, quando a criança ou o bebê apresentam esses sinais e sintomas, é preciso procurar um oftalmologista infantil. Atualmente, é perfeitamente possível detectar a hipermetropia, mesmo em bebês e em crianças que ainda não falam. Durante a consulta, também podemos diagnosticar o estrabismo e outros problemas visuais”, afirma Dra. Marcela.
Leia mais sobre o exame oftalmológico infantil aqui.
Estrabismo acomodativo é o único que não tem indicação para cirurgia!
A boa notícia sobre o estrabismo acomodativo é que se trata do único tipo de desvio que não tem indicação cirúrgica. Dessa forma, o tratamento consiste no uso de óculos de grau para corrigir a hipermetropia. Portanto, assim que a criança usa os óculos, o desvio desaparece.
“Por outro lado, o atraso na correção da hipermetropia pode levar ao desenvolvimento do olho preguiçoso. Sendo assim, é importante detectar de forma precoce, tanto a hipermetropia, quanto o desvio do olho. Em alguns casos, podemos prescrever o uso do tampão para garantir que os dois olhos possam se desenvolver da mesma maneira”, comenta Dra. Marcela.
Saiba tudo sobre o olho preguiçoso aqui:
Enfim, existe uma exceção em relação ao estrabismo que ocorre quando a criança tem hipermetropia. “Em raríssimos casos, o uso dos óculos pode não ser suficiente para eliminar o desvio. Com isso, é possível avaliar a necessidade da cirurgia de estrabismo para resolver o desvio”, finaliza Dra. Marcela.
Dra. Marcela Barreira é neuroftalmologista, é oftalmopediatra e especialista em estrabismo.
O consultório fica em São Paulo, na região dos Jardins.
Para mais informações, ligue para (11) 3266-2768
Matéria produzida pela jornalista Leda Maria Sangiorgio – MTB 30.714
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