O desenvolvimento da visão ocorre na infância. Por isso, doenças e problemas oculares nos primeiros anos de vida podem impactar no desenvolvimento motor, cognitivo e até emocional da criança. Ao nascer, o sistema visual é imaturo e se desenvolve por etapas, ao longos dos primeiros anos de vida. A visão só está completamente formada por volta dos 7 anos de idade.
Segundo Dra. Marcela Barreira, oftalmopediatra especialista em estrabismo, o sistema visual envia 90% dos dados de que o cérebro precisa para estabelecer novas conexões neurais. “A formação das vias neurais, portanto, são essenciais para o desenvolvimento do cérebro ao longo da infância. Uma visão saudável é um dos componentes essenciais para alcançar os demais marcos do desenvolvimento”.
“A criança precisa aprender a interpretar a informação visual para compreender o que se passa no ambiente. Estes são fatores cruciais para o desenvolvimento das outras habilidades, como engatinhar, explorar o ambiente, andar, correr, aprender a falar, ler, escrever, pintar, entre outras aquisições que fazem parte do desenvolvimento infantil”, afirma a médica.
Desenvolvimento da visão na infância ocorre por etapas
O desenvolvimento infantil ocorre por etapas e em cada uma delas a criança deve atingir os chamados marcos do desenvolvimento. Estes marcos são as aquisições esperadas dentro uma faixa etária específica, como engatinhar, andar, falar etc.
As habilidades visuais como movimentos oculares coordenados, capacidade de mudar o foco para ver objetos próximos e distantes, distinção de cores e visão binocular, por exemplo, são alguns dos marcos do desenvolvimento visual.
“Os primeiros 6 anos de vida são considerados um “período vulnerável”. Isto porque é uma fase em que o desenvolvimento da criança está mais suscetível aos efeitos das diversas ameaças à sua saúde ocular. Qualquer alteração na visão pode inibir o desenvolvimento das habilidades visuais necessárias e causar atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor”, comenta Dra. Marcela.
Problemas visuais na infância
A consulta oftalmológica nos primeiros meses de vida é fundamental. Isto porque muitos problemas oculares na infância não são evidentes e dependem de exames realizados pelo oftalmopediatra. Além disto, raramente uma criança irá se queixar de problemas na visão, já que ela não tem como distinguir uma visão boa de uma ruim.
Quanto mais cedo um problema de visão for diagnosticado e tratado, melhor será a chance de uma visão saudável ao longo da vida. É importante observar também o desenvolvimento do seu bebê para garantir que ele atinja os marcos. “Quando há atrasos no desenvolvimento, é importante investigar se há problemas oculares”, aponta a especialista.
Sinais de alerta para problemas visuais na infância
Veja abaixo alguns sinais e manifestações que podem indicar doenças oculares ou problemas na visão. Na presença deles, os pais devem procurar um oftalmologista infantil assim que possível.
- Reflexo esbranquiçado no olho
O reflexo esbranquiçado em fotos de crianças é um sinal de alerta. Este é o principal sinal do retinoblastoma, um tumor maligno que afeta bebês e crianças pequenas.
- Sensibilidade à luz
A fotofobia pode indicar a presença de erros refrativos, como a miopia, bem como pode ser até mesmo de uma conjuntivite.
- Coceira
A coceira pode estar associada a alergias ou a uma conjuntivite infecciosa. Vale ressaltar que a fricção constante dos olhos na infância pode causar diversos problemas ao longo da vida. Um deles é o desenvolvimento do ceratocone e queda da pálpebra (ptose).
- Dor de cabeça
A dor de cabeça que aparece no final do dia, após a escola, pode estar associada a erros refrativos não corrigidos. Crianças que passam muitas horas nas telas também podem apresentar cefaleia.
- Olho franzido
Quando a criança aperta os olhos para conseguir enxergar, é um sinal claro de um erro refrativo (miopia, astigmatismo ou hipermetropia). O movimento de franzir a região ocular também está associado a dor de cabeça relacionada a problemas na visão.
- Desvio ocular
O desvio de um dos olhos ao fixar uma imagem é sinal de estrabismo. Mesmo que o desvio ocorra de vez em quando, por exemplo, é considerado estrabismo. Lembre-se que o desvio pode ocorrer em todas as direções: para dentro, para fora, para baixo e para cima.
- Dificuldades escolares
A maioria dos casos de erros refrativos é diagnosticada na fase em que a criança vai para escola. Porém, nem todas as crianças recebem o diagnóstico e podem desenvolver dificuldades escolares importantes. Portanto, caso a criança apresente problemas na aprendizagem, a consulta com um oftalmologista é imprescindível.
- Quedas e tropeços frequentes
Engatinhar, andar, correr. Estes marcos do desenvolvimento são fundamentais. Porém, é preciso ficar atento a tombos e tropeços frequentes, bem como a esbarrões em móveis e objetos. Estes incidentes podem ter relação com problemas na visão.
- Lacrimejamento excessivo em recém-nascidos
Uma das doenças oculares mais comuns em bebês recém-nascidos é a obstrução do canal lacrimal. É uma condição benigna, mas que precisa da orientação do oftalmologista.
- Vermelhidão
A vermelhidão pode ser uma manifestação de algumas condições oculares, desde alergias, irritação, conjuntivite, cansaço visual, olho seco etc.
- Piscar excessivo
Quando a criança pisca demais pode indicar problemas nas pálpebras, tiques, estrabismo, erros de refração, falta de sono ou até o uso prolongado de telas.
Procure um oftalmopediatra para garantir uma visão saudável
Em conclusão, o desenvolvimento da visão na infância é crucial para o desenvolvimento global da criança. Além disto, o diagnóstico precoce é importante para que as intervenções sejam feitas dentro da janela de oportunidade, que vai dos 2 aos 6 anos.
Segundo as diretrizes da Sociedade Brasileira de Pediatria e da Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica, a primeira consulta com um oftalmopediatra deve ser realizada entre 6 meses e 1 ano de idade.
Esta recomendação considera bebês com visão saudável ao nascimento. Caso exista um diagnóstico ou fator de risco presente desde os primeiros meses de vida, o acompanhamento será mais frequente.
“Quando não há nenhum problema com a visão do bebê, a consulta passa a ser anual. Estas consultas de rotina são importantes, considerando que a visão se desenvolve ao longo da infância. Vale reforçar que na idade pré-escolar e escolar, a atenção com a saúde visual deve ser redobrada. Naturalmente, os pais devem procurar um oftalmologista infantil na presença de sinais e sintomas que possam indicar doenças oftalmológicas”, finaliza Dra. Marcela.
Dra. Marcela Barreira é neuroftalmologista, é oftalmopediatra e especialista em estrabismo.
O consultório fica em São Paulo, na região dos Jardins.
Para mais informações, ligue para (11) 3266-2768
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