Dermatite atópica aumenta risco de uveíte na infância

Dermatite atópica aumenta risco de uveíte na infância

A dermatite atópica aumenta risco de uveíte na infância, segundo um estudo recente, publicado em maior de 2025, no JAMA Ophthalmology. Como a dermatite atópica tem um prevalência importante entre as crianças, é uma descoberta que desperta interesse na área de oftalmologia infantil.

Para entender por que a dermatite atópica aumenta risco de uveíte na infância, hoje vamos entrevistar a oftalmologista infantil, Dra. Marcela Barreira, especialista em estrabismo e Chefe do Serviço de Neuroftalmologia do Banco de Olhos de Sorocaba (BOS).

Dermatite atópica é relativamente comum na infância

De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia, a dermatite atópica afeta de 15% a 25% das crianças e cerca de 7% dos adultos no Brasil.

Trata-se de uma doença dermatológica crônica, que causa uma inflamação na pele, além de secura, coceira e lesões. Normalmente, pode ser desencadeada pelo estresse ou pelo contato com substâncias, como pelo de animais e outros alérgenos. Para além disso, atinge principalmente pessoas com asma e rinite alérgica. Em geral, os sintomas surgem na infância e podem permanecer durante a vida adulta.

Apesar de a dermatite atópica ser uma doença dermatológica, um novo estudo apontou que crianças que desenvolvem a doença, de forma mais precoce, têm um risco maior de desenvolver uveíte, doença oftalmológica que pode ameaçar a visão. Em outras palavras, a dermatite atópica aumenta risco de uveíte na infância.

De acordo com dados da pesquisa, a gravidade da dermatite atópica também aumenta a chance de a criança ter uma uveíte. Finalmente, os pesquisadores concluíram que é muito importante monitorar a saúde ocular de crianças com dermatite atópica, especialmente de início precoce.

Afinal, o que é uveíte?

Primeiramente, é importante dizer que a uveíte é uma das doenças oftalmológicas mais preocupantes quando se fala em visão. “O termo uveíte é dado a uma série de condições que se caracterizam pela inflamação da úvea, também chamada de trato uveal ou túnica vascular. A úvea é uma parte do globo ocular composta pela íris, corpo ciliar e coroide. Ela se localiza na chamada câmara posterior do olho (parte de trás do globo ocular)”, explica Dra. Marcela.

Partes da úvea

  • Íris – a parte colorida dos olhos
  • Corpo ciliar – um músculo que aumenta o poder de refração do cristalino, essencial para a acomodação visual da visão de longe para a de perto
  • Coroide – responsável por cerca de 90% do fluxo de sangue dos olhos

Sendo assim, a uveíte pode atingir uma ou todas as partes da úvea. Por esse motivo, cada tipo de inflamação no trato uveal recebe um nome, de acordo com a parte em que a inflamação ocorre.

“A uveíte anterior ocorre na parte da frente da úvea e inclui a íris. A uveíte posterior é a inflamação da parte de trás do trato uveal e pode envolver a retina e a coroide. Finalmente, a panuveíte é a inflamação que afeta todo o trato uveal”, explica Dra. Marcela.

Dor e vermelhidão no olho são principais sintomas da uveíte

Os sintomas da uveíte se manifestam de acordo com a região da úvea afetada.  “A uveíte que atinge a parte da frente do trato uveal é a que costuma causar os sintomas mais incômodos. “A criança pode começar a sentir muita dor no olho, vermelhidão na parte branca do olho (esclera), sensibilidade à luz e leve redução da acuidade visual”, comenta a oftalmologista infantil.

“Por outro lado, a forma intermediária de uveíte costuma ser indolor. Em alguns casos, o paciente pode enxergar as moscas volantes (pontinhos pretos e irregulares que se movem de acordo com os movimentos dos olhos). Essa manifestação também acontece na uveíte posterior, que pode causar inflamação no nervo óptico e perda súbita da visão”, complementa Dra. Marcela.

Uveíte é emergência médica

Infelizmente, a uveíte pode causar danos severos na visão, além de aumentar o risco de lesões na retina e desenvolvimento de catarata e glaucoma. “Por esses motivos, a recomendação é procurar um serviço de emergência, preferencialmente, oftalmológica. A perda repentina da acuidade visual, manchas na visão (moscas volantes) e dor ocular são importantes sinais de alerta para procurar ajuda”, ressalta a especialista.

“Para confirmar o diagnóstico, o médico pode solicitar exames de imagens, como um ultrassom, além de exames laboratoriais. Quando a suspeita se confirma, é necessário iniciar o tratamento rapidamente, para impedir o avanço da uveíte para outras regiões oculares, como retina e nervo óptico”, alerta Dra. Marcela.

Adicionalmente, é crucial esclarecer que após um episódio de uveíte, o paciente precisa fazer um acompanhamento regular com um oftalmologista. A razão é que a doença pode voltar a acontecer, especialmente quando tem relação com doenças como a dermatite atópica, doenças reumatológicas e inflamatórias intestinais.

Dermatite atópica aumenta risco de uveíte na infância – O que os pais devem saber

Acima de tudo, esse estudo demonstrou que a dermatite atópica aumenta risco de uveíte na infância. Desse modo, embora a uveíte não seja uma doença tão conhecida e tão prevalente, trata-se de uma condição grave, que pode afetar a visão.

“Portanto, o ideal é que crianças com dermatite atópica façam um acompanhamento regular com um oftalmologista infantil. Para além disso, os pais devem ficar atentos ao surgimento de sintomas sugestivos de uveíte. Na presença das manifestações, é crucial procurar um médico”, conclui Dra. Marcela.

Dra. Marcela Barreira é  oftalmopediatra, especialista em estrabismo e neuroftalmologista. 

 O consultório fica em São Paulo, capital.

Para mais informações, ligue para (11) 3846 02 00

Matéria produzida pela jornalista Leda Maria Sangiorgio – MTB 30.714
É expressamente proibida a cópia parcial ou total do material, sob pena da Lei de Direitos Autorais, número 10.695. 

 

Fonte:

https://jamanetwork.com/journals/jamaophthalmology/article-abstract/2832128

 

 

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