Deformação na córnea está associada ao hábito de coçar os olhos com frequência
Aproximadamente 70% dos pacientes com ceratocone relatam coçar os olhos com frequência desde a infância
O movimento Junho Violeta foi criado para aumentar o conhecimento da população a respeito do ceratocone. Trata-se de uma doença oftalmológica ligada à deformação da córnea que assume um formato de cone e pode causar a perda da visão.
Segundo Dra. Marcela Barreira, oftalmologista especialista em estrabismo, a fricção frequente dos olhos é uma das principais causas associadas ao ceratocone. Pessoas com alergias em geral e condições genéticas, como a síndrome de Down, são mais propensas ao hábito de esfregar os olhos. Este ato pode causar alterações biomecânicas, inflamação e afinamento da córnea. Todos estes fatores podem resultar no desenvolvimento do ceratocone”.
Deformação na córnea é rara na infância
O ceratocone é uma doença que se desenvolve lentamente desde a infância. As primeiras manifestações costumam surgir no final da adolescência em meninos e por volta dos 20 anos nas meninas. “Raramente a condição afeta crianças menores. Porém, quando isto ocorre, o diagnóstico e o tratamento precisam ser precoces”.
Isto porque na população infantil a doença tem uma progressão mais rápida e agressiva, explica a médica. Para se ter uma ideia, o ceratocone infantil aumenta em 7 vezes a necessidade de um transplante de córnea.
Sem reclamações
Infelizmente, o diagnóstico do ceratocone pediátrico costuma ser tardio. A razão é que a criança não tem um parâmetro para comparar se sua visão está ruim ou boa, especialmente antes dos oito anos de idade.
“Nas fases iniciais, os sintomas do ceratocone estão ligados à dificuldade de enxergar o que aponta para a presença de erros refrativos. Algumas crianças podem se queixar de sensibilidade à luz e desconforto ocular. O que pode ajudar a diferenciar um erro refrativo do ceratocone é a necessidade constante de corrigir o grau e a intolerância ao uso de lentes de contato”, alerta Dra. Marcela.
Quando a doença avança, a dificuldade para enxergar de longe e de perto é bastante evidente. O paciente apresenta outros sintomas como aumento da coceira, irritação, cansaço visual, percepção de várias imagens do mesmo objeto, distorção da imagem e até mesmo diplopia.
Deformação na córnea e Astigmatismo irregular
Outro sinal característico do ceratocone é a presença do astigmatismo irregular. Nestes casos, a córnea apresenta deformidades em todas as direções. Por este motivo, as lentes comuns não conseguem corrigir o grau.
Tratamento
O tratamento do ceratocone depende da gravidade e da taxa de progressão. Entre os principais tratamentos estão óculos e lentes de contato específicas para o ceratocone, cirurgias para impedir a progressão da deformidade na córnea e, por fim, o transplante de córnea.
Consulta oftalmológica na infância é essencial
Embora o ceratocone seja uma doença rara, pode causar a perda da visão. É muito importante que pessoas com histórico familiar da doença procurem levar a criança para uma consulta preventiva ainda no primeiro ano de vida ou antes dos 7 anos. “Também é preciso incluir em consultas de triagem crianças com alterações genéticas, como a síndrome de Down e àquelas com quadros alérgicos, como rinite, asma e conjuntivite alérgica”, finaliza a médica.
Dra. Marcela Barreira é neuroftalmologista, é oftalmopediatra e especialista em estrabismo.
O consultório fica em São Paulo, na região dos Jardins.
Para mais informações, ligue para (11) 3266-2768
Adicionar Comentário