A cirurgia de estrabismo funciona da seguinte maneira: o oftalmologista, especialista em estrabismo, fortalece ou enfraquece os músculos responsáveis pelos movimentos dos olhos. O objetivo é alinhar os eixos oculares, de modo que ao olhar para uma imagem, os olhos não se desviem mais.
O estrabismo é uma condição que surge na infância e afeta de 2 a 5% das crianças. O desvio do olho pode ocorrer em várias direções e é essa característica que define o tipo de estrabismo. Além disso, o desvio pode estar presente quando a criança nasce ou surgir ao longo da infância.
Mas, antes de falarmos mais sobre como funciona a cirurgia de estrabismo, vamos entender melhor quais são os tipos de desvios.
Tipos de estrabismo
O tipo de estrabismo é definido de acordo com a direção do desvio. Primeiramente, é importante entender que os movimentos oculares dependem de seis músculos. Para facilitar o entendimento, imagine que esses músculos são como as rédeas de um cavalo. Eles comandam a direção do olho, de acordo com os movimentos que realizamos.
O estrabismo surge quando há um desequilíbrio em algum desses músculos. A partir disso, ao olhar para uma imagem, um olha estará alinhado e outro irá se desviar.
De acordo com Dra. Marcela Barreira, oftalmopediatra especialista em estrabismo, quando um dos músculos extraoculares é muito fraco, muito forte ou apresenta alguma disfuncionalidade, que leva ao desalinhamento do eixo visual.
“Quando o olho se desvia para dentro, em direção ao nariz, chamamos de estrabismo convergente, que pode ser congênito ou aparecer ao longo da infância. Outra forma de desvio convergente é o estrabismo acomodativo, cuja causa é a presença da hipermetropia”, explica.
“Já quando o olho se desvia para fora, em direção às orelhas, chamamos de estrabismo divergente. Em geral, a forma mais prevalente desse desvio é o estrabismo divergente intermitente. Nesses casos, ora o olho está alinhado e ora desalinhado”, acrescenta Dra. Marcela.
Existem ainda os estrabismos paralíticos, relacionados a problemas nos nervos cranianos. Os desvios podem ocorrer em várias direções, inclusive na vertical.
Diagnóstico: como saber se a criança tem estrabismo?
O estrabismo causa o desvio do olho, portanto, esse costuma ser o sintoma mais evidente, principalmente no desalinhamento convergente. Por outro lado, o estrabismo divergente intermitente pode ser um pouco mais difícil de perceber, o que levar os pais a demorarem um pouco mais para procurar o oftalmologista infantil.
De qualquer maneira, é importante dizer que o diagnóstico do estrabismo é clínico, por meio do exame de motilidade ocular, realizado em qualquer consulta oftalmológica de rotina. Ou seja, não são necessários exames de imagem ou laboratoriais para detectar o estrabismo.
Cirurgia de estrabismo é o principal tratamento
Hoje, a cirurgia de estrabismo é o principal tratamento para a maioria das formas da condição. A única exceção é o estrabismo acomodativo, que se resolve com o uso de óculos para corrigir a hipermetropia. Leia mais sobre esse estrabismo aqui.
“Gostaria de reforçar que a visão se desenvolve fora do útero e está completa por volta dos 7 anos de idade. Todas as condições e doenças que atingem o sistema visual, podem acarretar problemas e ameaçar a visão. O estrabismo é uma dessas condições, pois, sem tratamento, pode levar ao olho preguiçoso (ambliopia)”, comenta Dra. Marcela.
Sem a correção do desvio, a criança pode perder a chamada visão binocular, capacidade crucial para exercer diversas profissões na vida adulta, por exemplo. Além disso, a ambliopia também pode prejudicar o processo de aprendizagem, a prática de esportes, entre outros prejuízos no desenvolvimento global da criança.
Como funciona a cirurgia de estrabismo
Após o diagnóstico, o oftalmologista vai definir junto aos pais a data da cirurgia e solicitar alguns exames laboratoriais comuns em pré-operatórios. Na fase pré-operatória, o oftalmologista realiza cálculos para definir quanto será necessário fortalecer ou enfraquecer os músculos oculares, envolvidos no desvio do olho.
Antes da cirurgia, também é preciso passar me consulta com o Anestesiologista, que irá levantar o histórico de saúde da criança e explicar aos pais os detalhes da anestesia geral. Nesse momento, é importante que os pais tirem as dúvidas para ficarem mais tranquilos em relação à cirurgia.
Quer saber mais sobre como funciona a anestesia geral em crianças? Leia aqui.
A cirurgia de estrabismo é realizada em um hospital, mas a criança vai para casa no mesmo dia. Em geral, o procedimento ocorre nos primeiros horários da manhã, devido à necessidade do jejum. Um dos pais pode acompanhar a criança até o momento da anestesia. A cirurgia dura em torno de 30 a 60 minutos.
Quando a cirurgia termina, um dos pais é chamado para ficar ao lado da criança, na sala de recuperação cirúrgica, que conta com a supervisão da equipe de enfermagem e do médico anestesiologista. No momento em que a criança acorda, ocorre uma avaliação do estado geral e, caso esteja tudo bem, o médico libera uma dieta leve para quebrar o jejum. Normalmente, a criança pode ir para casa em torno de 6 horas após a cirurgia.
Como funciona a cirurgia de estrabismo no pós-operatório
A cirurgia de estrabismo é segura e apresenta um bom perfil de segurança. Dessa forma, o pós-operatório tende a ser tranquilo. Os pais costumam temer que a criança sinta dor, mas no geral isso não acontece.
“A criança pode apresentar um desconforto leve, principalmente ao movimentar os olhos, além de ter a sensação de areia nos olhos. Nos primeiros dias, a visão pode ficar um pouco turva, mas é algo esperado. Outra manifestação do processo cirúrgico é a vermelhidão na parte branca dos olhos, que pode ser bastante intensa nos primeiros dias”, comenta Dra. Marcela.
O repouso é importante e deve ser de uma semana. Nessa fase, o ideal é deixar a criança descansar e propor atividades que não forcem tanto a visão e não envolvam esforços físicos. O oftalmologista prescreve colírios antibióticos para prevenir infecções e analgésicos, em caso de dor.
“Os pontos da cirurgia de estrabismo são internos, sendo absorvidos pelo corpo, sem necessidade de remoção. Vale lembrar que avaliamos a criança nos primeiros dias, em uma consulta de retorno, sendo esse um momento importante para avaliar o resultado do alinhamento”, conta a oftalmologista.
Quer saber tudo sobre o pós-operatório da cirurgia de estrabismo? Leia o nosso guia aqui.
Conclusão
“A cirurgia de estrabismo é crucial para o desenvolvimento da visão na infância. O procedimento é seguro e corrige o desvio de forma definitiva, na maioria dos casos. Vale lembrar que para obter um melhor resultado, principalmente para prevenir o olho preguiçoso e prejuízos na visão binocular, a cirurgia precisa ocorrer antes dos sete anos de idade”, finaliza Dra. Marcela.
Dra. Marcela Barreira é neuroftalmologista, é oftalmopediatra e especialista em estrabismo.
O consultório fica em São Paulo, na região dos Jardins.
Para mais informações, ligue para (11) 3266-2768
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