Ceratocone em crianças – Sinais e Sintomas

Ceratocone em crianças – Sinais e Sintomas

O ceratocone em crianças costuma ser mais agressivo do que em adultos, embora seja mais raro. De qualquer maneira, é uma doença que precisa de tratamento, pois pode levar à perda da visão.

Hoje, vamos falar mais sobre o ceratocone em crianças e sobre a doença em geral, em homenagem ao movimento Junho Violeta, que visa aumentar o conhecimento da população sobre a doença.

Para isso, vamos entrevistar a oftalmologista infantil Dra. Marcela Barreira, especialista em Estrabismo e Chefe do Serviço de Neuroftalmologia do Banco de Olhos de Sorocaba (BOS).

Ceratocone resulta de deformações na córnea

Segundo Dra. Marcela Barreira, o ceratocone é uma doença que afeta a córnea, alterando sua forma. “Primeiramente, ocorrem mudanças no colágeno que, por sua vez, resultam em deformidades na córnea, estrutura essencial para a visão. A córnea se deforma e lembra o formato de um cone, daí o nome “ceratocone”.

“Desse modo, a mudança no formato da córnea acarreta o desenvolvimento de astigmatismo irregular, afinamento da córnea e miopia progressiva. Infelizmente, todas essas condições podem levar à redução da acuidade visual”, explica a médica.

“Embora seja mais prevalente a partir da adolescência, o ceratocone em crianças é muito preocupante. A razão é que na população infantil temos uma progressão mais rápida. Por outro lado, o diagnóstico pode ser mais tardio, devido ao fato de que as crianças menores podem não conseguir expressar queixas a respeito de problemas na visão”, alerta Dra. Marcela.

Ceratocone em crianças e em outras populações – Quais são os fatores de risco?

Acima de tudo, é importante esclarecer que nem sempre é possível definir a causa exata do ceratocone. Por outro lado, ao longo dos anos estudos apontaram alguns fatores de risco importantes em relação à doença, como:

  • Quadros repetitivos de ceratoconjuntivite (inflamação da conjuntiva e da córnea);
  • Atopia (alergias), especialmente alergias oculares;
  • Síndrome de Down;
  • Retinite pigmentosa e doenças genéticas;
  • Histórico familiar de ceratocone.

A ligação do ceratocone com as alergias é bem documentada. As crianças alérgicas tendem a coçar os olhos com muita frequência.

“Dessa maneira, essa fricção constante pode liberar substâncias, que geram uma inflamação crônica na córnea. O quadro inflamatório pode desencadear alterações no colágeno da córnea, alterando assim o seu formato. Por este motivo, há uma relação bastante importante entre o ceratocone e as alergias em geral, particularmente as alergias oculares”, comenta Dra. Marcela.

Vale reforçar que o ceratocone em crianças é mais agressivo e raro do que em adultos. Adicionalmente, o ceratocone é responsável por cerca de 15% a 20% dos transplantes de córnea em crianças.

Sinais de alerta do ceratocone em crianças

Infelizmente, como já dissemos, nas fases iniciais o ceratocone não causa sinais tão evidentes. Ademais, precisamos levar em consideração que as crianças podem não se queixar sobre alterações na visão. O motivo é que elas não possuem parâmetros a respeito do que é enxergar bem ou enxergar mal.

“Geralmente, as crianças em idade escolar podem se queixar de dificuldades para enxergar na lousa, escrever, ler, praticar esportes. Na verdade, nos estágios iniciais, os sintomas do ceratocone são parecidos com os dos erros refrativos (miopia, astigmatismo e hipermetropia). Contudo, o mais importante sinal de alerta é necessidade de troca constante de grau ou ainda queixas de problemas para enxergar, mesmo usando os óculos”, alerta Dra. Marcela.

Veja os sinais e sintomas do ceratocone em fases mais avançadas:

  • Sensibilidade à luz
  • Cansaço visual
  • Intensificação da coceira ocular
  • Irritação e desconforto nos olhos
  • Visão dupla
  • Percepção de várias imagens de um mesmo objeto, além de feixes de luz e distorção dos reflexos em volta da luz.

Tratamento pode exigir transplante de córnea

Infelizmente, o ceratocone em crianças é responsável por cerca de 15% a 20% dos transplantes na população pediátrica. Mas, vale ressaltar que o transplante é um dos últimos recursos para tratar a doença.

Nas fases iniciais e moderadas, o tratamento do ceratocone consiste no uso de óculos ou de lentes de contato especiais. Vale lembrar que a evolução da doença costuma ser lenta, podendo durar, em média, 6 anos.

Outro tratamento que pode beneficiar os pacientes é o cross-linking, método minimamente invasivo e seguro. O oftalmologista aplica a riboflavina, um dos tipos de vitamina B, nos olhos do paciente. Logo depois, aplica um feixe de luz ultravioleta que visa à ligação da vitamina B com o colágeno da córnea. O objetivo do cross-linking é fortalecer a córnea para manter seu formato e prevenir uma deformação mais acentuada.

Já o transplante de córnea, como dissemos anteriormente, é a última opção de tratamento. Em contrapartida, quando necessário, pode ser um recurso importante para restabelecer a visão do paciente.

É possível prevenir o ceratocone em crianças?

Embora a origem exata do ceratocone não esteja totalmente esclarecida, é possível prevenir problemas na córnea por meio da mudança de hábitos e do acompanhamento preventivo e precoce de crianças com astigmatismo ou ainda com histórico familiar da doença. Outro componente da prevenção é evitar coçar os olhos de forma frequente, garantindo tratamentos adequados para quadros de alergia ocular”, finaliza Dra. Marcela.

Dra. Marcela Barreira é  oftalmopediatra, especialista em estrabismo e neuroftalmologista. 

 O consultório fica em São Paulo, capital.

Para mais informações, ligue para (11) 3846 02 00

Matéria produzida pela jornalista Leda Maria Sangiorgio – MTB 30.714
É expressamente proibida a cópia parcial ou total do material, sob pena da Lei de Direitos Autorais, número 10.695. 

 

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