As causas do estrabismo em adultos, ou seja, o estrabismo de aparecimento tardio, são diversas. Em primeiro lugar, é importante dizer que, segundo estudos epidemiológicos, o estrabismo em adultos é um distúrbio oftalmológico comum, que pode afetar até 4% desta população.
Segundo a oftalmologista Dra. Marcela Barreira, especialista em estrabismo e neuroftalmologista, muitos adultos trazem o estrabismo desde a infância. Nestes casos, o desvio fica latente e descompensa ao longo dos anos. “Mas, há também pacientes que trataram cirurgicamente e na fase adulta o desvio volta a acontecer. Estas duas situações são as mais prevalentes”.
“Temos ainda os pacientes idosos que podem apresentar desvios oculares devido ao processo natural do envelhecimento. Com o passar do tempo, os músculos podem ficar mais flácidos e levar ao aparecimento de um estrabismo. Isto costuma ser mais comum em pessoas a partir dos 65 anos, com um aumento de casos importante após os 80 anos”, comenta a especialista.
Causas do estrabismo em adultos podem ter origem neurológica
Algumas doenças do sistema nervoso central podem causar o estrabismo em adultos. “Entre as condições neurológicas que têm associação com o estrabismo na população adulta estão os acidentes vasculares cerebrais (AVCs), tumores no cérebro e traumas cranioencefálicos”, diz Dra. Marcela.
Para além destas causas neurológicas, temos o estrabismo paralítico em que os olhos se desviam devido a alguma alteração nos nervos que ligam a cabeça ao cérebro. Em adultos, o mais comum é o estrabismo causado pela paralisia do III Nervo Craniano. Entre as causas estão o AVC, tumores, diabetes e aneurismas cerebrais.
Por fim, as causas do estrabismo em adultos também podem estar associadas a doenças sistêmicas, tais como miastenia gravis, doenças da tireoide, entre outras.
Tratamento depende das causas do estrabismo em adultos
Um dos principais problemas do estrabismo na vida adulta é o surgimento da visão dupla. Nas crianças, o estrabismo não causa diplopia, pois o cérebro é capaz de suprimir a imagem captada pelo olho com o desvio. Mas isto, na infância, pode levar ao desenvolvimento da chamada ambliopia, mais conhecida pelo termo “olho preguiçoso”.
Contudo, na vida adulta, o sistema visual já está desenvolvido e o cérebro não consegue mais ignorar a imagem captada pelo olho com o desvio. Por este motivo, quando um adulto tem estrabismo, pode desenvolver a visão dupla. Isto não ocorre em todos os casos, mas quando acontece, se torna uma condição incapacitante.
Já o tratamento do estrabismo em adultos depende das causas. “Nos casos em que o estrabismo estava latente desde a infância e descompensou na vida adulta, a recomendação é a correção cirúrgica. Vale ressaltar que inúmeros estudos apontaram que a cirurgia de estrabismo em adultos melhora a função visual, a visão binocular e vários aspectos psicossociais relacionados ao desvio na vida adulta”, comenta Dra. Marcela.
Já nos desvios relacionados a problemas neurológicos e às doenças sistêmicas, a cirurgia nem sempre é indicada. Isto porque a resolução costuma ser espontânea, ou seja, o estrabismo é temporário.
Cirurgia de estrabismo não tem limite de idade
Uma das dúvidas mais comuns é se existe um limite de idade para operar o estrabismo. “A idade não é uma contraindicação para a cirurgia de correção dos desvios oculares. Ou seja, podemos realizar a cirurgia de estrabismo em bebês, crianças, adolescentes, adultos e idosos”, aponta Dra. Marcela.
Como funciona a cirurgia de estrabismo em adultos
Uma das principais diferenças da cirurgia de estrabismo em adultos é a anestesia. Enquanto em bebês e crianças a anestesia geral é indispensável, na população adulta é possível fazer a cirurgia sob anestesia local, em forma de colírios, e leve sedação.
Nos demais aspectos, a cirurgia é igual. Em outras palavras, é uma cirurgia relativamente tranquila, feita em centro cirúrgico, mas sem necessidade de internação. O paciente volta para casa no mesmo dia. Muitos pacientes que trabalham temem ficar afastados de suas atividades. A boa notícia é que mesmo nos primeiros dias é possível retornar ao trabalho.
Todavia, nos primeiros dias após a cirurgia, os olhos ficam mais sensíveis à luz e bastante vermelhos. Por isto, o ideal é fazer um repouso relativo nos primeiros cinco dias. De qualquer maneira, é importante reforçar que os sintomas não impedem a pessoa de trabalhar. A melhora do desvio ocorre logo após a cirurgia e o resultado definitivo é esperado dentro de 30 a 40 dias”, finaliza Dra. Marcela.
Dra. Marcela Barreira é neuroftalmologista, é oftalmopediatra e especialista em estrabismo.
O consultório fica em São Paulo, na região dos Jardins.
Para mais informações, ligue para (11) 3266-2768
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